DP+SOCIAL » Uma nova chance para recomeçar Projeto Re Costurando oferece oportunidades a reeducandos do sistema carcerário e tem visto a expansão de seus projetos em plena pandemia

Publicação: 04/01/2022 03:00

Rosimere Maria da Conceição, 33 anos, cria sozinha os três filhos: Maria Vitória, 17 anos; Gabriel, 14 anos, e Maria Clara, de 10 anos. Trabalha desde 2020 como operadora universal de máquinas de costura em regime CLT no Instituto Travessia, que funciona na Rua Imperial, no bairro de São José, Região Central do Recife. Ela é um grande exemplo do resultado do trabalho desenvolvido pelo Instituto Travessia, que vem atuando desde 2008 na ressocialização dos reeducandos que receberam progressão de pena do sistema carcerário.

Rosimere entrou no projeto Re Costurando o Futuro em 2013, ainda no regime fechado no presídio do Bom Pastor. Lá, recebeu treinamento e capacitação, além de bolsa de um salário-mínimo por três anos. Em 2016, ganhou progressão de pena para livramento condicional, continuando no projeto, já na unidade fabril da Rua imperial. Em 2020, ao término de sua pena, ela conseguiu ser contratada para trabalhar com carteira assinada. Hoje, esse é seu dia a dia, longe da criminalidade e do tráfico de drogas, que a levou à prisão.

Assim como Rosimere, o projeto Re Costurando o Futuro ajuda outras 400 pessoas, oferecendo capacitação e encaminhamento ao mercado de trabalho, seja no próprio Instituto ou em empresas parceiras. De acordo com o diretor do Travessia, Armando Junior, em 2021, o número de pessoas impactadas pelos projetos do Instituto ultrapassou nove mil. “Esse número significa um incremento em 38%  comparado a 2020”, comentou.

Segundo ele, o projeto gera uma renda média de R$ 1,5 mil aos beneficiados. E há menos de um mês o Instituto Travessia inaugurou sua primeira loja física, na rua Imperatriz, no Centro do Recife. Gerente, caixa e vendedores são reeducandos, que também participam do Re Costurando. A empresa vende utensílios de casa como cama, mesa e banho confeccionados pelos participantes do projeto. O investimento foi de R$ 80 mil.

Armando lembra que, nesse período de pandemia, foram produzidos mais de dez milhões de máscaras e mais de um milhão de aventais pelo projeto Re Costurando o Futuro, o que elevou a receita da instituição em 20%, em plena crise econômica no País. “Também doamos mais de meio milhão de máscaras, cumprindo nosso papel social e tão necessário.”

Para 2022 as expectativas são ainda maiores, diante da assinatura de um convênio com o Ministério da Cidadnia do governo federal, que trará R$ 4 milhões para formação de unidades produtivas em diversas áreas como Agricultura Familiar, Psicultura, Artesanato, Têxtil, Turismo e Saúde. “Esses projetos beneficiarão mais de 1,6 mil pessoas diretamente”, adiantou Armando Júnior.