Nem foi tempo perdido Livros, coletânea e caixa de relançamentos resgatam a obra do cantor Renato Russo, 20 anos após a morte do líder da Legião Urbana

ALEXANDRE DE PAULA
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Publicação: 29/09/2016 03:00

 (Reprodução/youtube )

Quando morreu, quase 20 anos atrás (em 11 de outubro de 1996), Renato Russo já tinha a dimensão de um gigante. A Legião Urbana, as letras contestadoras e reflexivas, a postura, tudo isso já havia feito dele um dos grandes nomes da música brasileira. Àquela época, no entanto, talvez fosse difícil imaginar que, mesmo muitos anos depois, a obra do trovador solitário permaneceria atual e viva, tocando ainda pais e filhos. Renato é tema que não se esgota. Também por isso, o jornalista Carlos Marcelo, autor da biografia mais completa sobre o cantor, revisitou o livro Renato Russo: O filho da revolução (Editora Planeta, 464 páginas, R$ 49,90), de 2009, e apresenta agora uma nova versão.

Carlos Marcelo conta que mexeu em todo texto e acrescentou novas informações, além de um capítulo inédito. “Da primeira vez, foram nove anos para escrevê-lo. Agora levei mais um ano e meio. Eu nunca tinha mexido no texto original. Desta vez, sim. Foi mais do que uma revisão, foi um texto revisitado pelo autor. Quem prestar atenção nas duas versões vai ver que há acréscimos nos outros capítulos, fui costurando o livro por dentro”, explica.

Mais de cem pessoas, entre famosos e anônimos, foram entrevistados para Renato Russo: O filho da revolução (Reprodução/youtube )
Mais de cem pessoas, entre famosos e anônimos, foram entrevistados para Renato Russo: O filho da revolução

A decisão de voltar à obra veio da vontade de se debruçar com mais detalhes nas passagens do final da vida de Renato. “Queria fazer uma reconstituição mais pormenorizada dos últimos anos de vida dele. Foi um período muito intenso que eu não tinha conseguido apresentar tanto na primeira versão”, explica.

“Eu achava que havia uma lacuna. Tinha muita curiosidade sobre esse período. Quis ouvir os músicos que conviveram com ele no fim da vida, que tocaram com a Legião nas últimas turnês e trazer mais lembranças”, completa.

Várias obras lançadas posteriormente, sobre assuntos que influenciavam na história de Renato, contribuíram para acréscimos. Livros sobre Ian Curtis, do Joy Division, as próprias biografias de Dado Villa-Lobos e Fê Lemos e os filmes lançados recentemente foram utilizadas para complementar o texto. Além do diário escrito por Renato, Só por hoje e para sempre, publicado no ano passado. “Com tudo isso, era importante atualizar e contextualizar”, diz.

Para escrever o livro, que teve mais de cem entrevistas, Carlos Marcelo achou necessário procurar também as figuras que conheciam Renato antes da fama, antes mesmo de ele se tornar Renato Russo. Gente anônima, distante dos holofotes, pessoas que, em alguns casos, nunca haviam dado entrevistas sobre o cantor e que foram muito importantes, segundo o jornalista, para entendê-lo. “Isso foi fundamental para entender que ele pertenceu a muitas turmas, havia os primeiros amigos de quadra, a turma do Colégio Marista, os colegas do Ceub e muitas outras. Foi essencial conversar com pessoas que não conheceram o Renato Russo, mas sim o Jr., o Manfredini”, explica.

O processo ajudou também a produzir um livro que contasse e entendesse a formação de Renato. “Isso fica evidente na escolha das epígrafes, busquei muitos romances de formação. É um livro sobre essa idade da mudança, um retrato de um artista quando jovem, até porque ele foi um dos mais expressivos ao cantar a juventude”, conta. Para o jornalista, escrever sobre a formação de Renato era, de algum forma, escrever também sobre a juventude daquela época.

Novidades
Além do relançamento de Renato Russo: O filho da revolução, outras novidades chegam ao mercado para falar do trovador. O livro The 42nd St. Band: Romance de uma banda imaginária (Companhia das Letras, R$ 34,90), sobre uma banda imaginária e escrito em inglês quando ele tinha entre os 15 e 16 anos e ele passava pelo tratamento de epifisiólise, rara doença óssea. O sobrenome adotado pelo líder da Legião, Russo, veio do personagem Eric Russel, parceiro imaginário do ex-guitarrista dos Rolling Stones, Mick Taylor. Uma caixa com os quatro discos solo de Renato, intitulada A força de uma vida, e a coletânea Viva Renato Russo: 20 anos, com regravações de sucessos do cantor também devem ser lançadas em breve.