O caçador de talentos da música O músico e apresentador pernambucano China Ina garimpa jovens nomes da cena musical nacional no programa Caça joia, do canal Futura, que estreia a segunda temporada nesta sexta-feira

Rostand Tiago
rostand.filho@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/08/2022 03:00

A partir desta sexta, o músico pernambucano China Ina volta a garimpar jovens nomes da cena musical nacional que devem receber uma atenção mais especial em seus trabalhos. É o retorno do programa Caça joia, exibido pelo canal Futura, no qual China busca talentos de todo o país para mostrarem seus trabalhos, falarem sobre suas trajetórias e também criarem conexões com veteranos. A atração será exibida às 21h45, sempre às sextas e com reprises durante a semana. Ele também pode ser assistido pelo Globoplay - todos os episódios da primeira temporada estão disponíveis na plataforma.

Caça joia chega em sua segunda temporada trazendo artistas de estados como Pernambuco, Sergipe, São Paulo, Bahia, Paraná e Pará, selecionados entre mais de 3 mil artistas que enviaram seus projetos para a produção, a partir de um intenso e cada vez mais necessário trabalho de curadoria. “Eu mesmo fui revelado por um festival, o Abril Pro Rock, que tinha um trabalho de curadoria e descoberta muito forte, em um momento no qual o algoritmo ainda não mandava no cenário. Eu lembro de conversar com um cara que trabalha em festivais e ele me disse que hoje as pessoas vão contratar olhando muitos os números dos artistas e aquilo pesou demais em mim. Talvez, se na minha época fosse assim, eu não teria sido revelado. Então o Caça joia é uma forma de retribuir o que fizeram comigo e ouvir o que os novos artistas têm a dizer”, elabora China, em entrevista ao Viver.

Oriundo dos tempos em que existiam reuniões na casa de amigos para ouvir uma fita K7 de alguma novidade na cena musical, China diz que o processo de garimpagem hoje é muito mais facilitado, em especial quando se busca driblar as imposições do algoritmo. O boca a boca ainda é uma grande ferramenta nesse processo de descobertas. Participantes da primeira temporada indicaram alguns dos nomes que chegam nesse novo momento do programa, por exemplo.

Além dos novos artistas apresentarem seus trabalhos, eles também passam pela fruição de outros grandes nomes, que fazem perguntas para eles durante o programa e também começam a criar conexões. Na temporada passada, pessoas do calibre de Pitty, Fafá de Belém, Ana Cañas, Cannibal e Rashid deram suas contribuições nos diálogos com os protagonistas de cada programa.

“Desde a época do Sheik Tosado, eu sempre pautei minha carreira em estar perto de gente experiente que tem mais conhecimento que eu. A indústria cultural brasileira trabalha muito mais na brodagem desses encontros do que nas parcerias mais formais. Até rolam as feiras de música, mas a coisa acontece mesmo na mesa de bar tomando uma cerveja. E eu decidi levar essa experiência para o Caça joia, saí ligando para o pessoal, perguntando se topavam”, afirma. “É legal criar essas conexões, apresentar essas bandas pra essa galera, é algo que enriquece os dois lados. Aprendi isso já no manguebeat, quanto mais gente chega junto chutando a porta, mais fácil fica de derrubar”, afirma.

Nesta temporada, o representante conterrâneo do apresentador é Léo da Bodega, artista de Olinda que vem realizando cativantes experimentações com o trap, rap e R&B, além de desenvolver um sólido trabalho audiovisual. Para China, a escolha do talento que virá de Pernambuco para o programa é sempre um desafio, e a escolha de Léo veio de uma vontade de mostrar outros rumos da cena do estado.

“Eu percebo que o trap, apesar de bombar do jeito que bomba na internet, não tem muito espaço nesses meios. Léo me trouxe esse gancho do trap, um cara da minha terra, cria de Mestre Salustiano, da cultura popular e das ladeiras de Olinda, mas que decidiu fazer um som diferente do que se espera dessa cena. Ao mesmo tempo, ele é um cara muito interessante, um cara muito antenado no que é ser artista hoje, de estar ralando toda hora, fazendo os próprios clipes. Foi legal demais ouvir como ele conduz a carreira dele”, relata China.