Espírito puro para receber a luz divina
Fundada no Japão em 1935, Igreja Messiânica se ampara na verdade, no bem e no belo para construir seu paraíso
ANA PAULA NEIVA
aneiva@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 11/03/2017 03:00
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Fiéis oram virados à entrada do templo numa religião que busca transmitir iluminação à sociedade. Sede promove cultos e realiza cursos para membros e o público |
As altas pilastras de um prédio em meio a um jardim recuado chamam a atenção de quem passa pelo cruzamento da Rua Amaro Coutinho com a Avenida Santos Dumont, no Rosarinho, Zona Norte do Recife. Do lado de dentro, pessoas sentadas de frente para a rua e outras viradas ao altar da Igreja Messiânica do Brasil (IMB). Elas recebem o Johrei, a “retirada das impurezas” por transmissão de Luz Divina através da palma da mão, outorgados com o Ohikari, medalha concedida a alguns membros messiânicos. Ohikari é uma réplica de ideograma criado por Mishu-Sama, o Mokiti Okada, que fundou a Igreja Messiânica Mundial (IMM), em 1º de janeiro de 1935, no Japão.
Quem participa do ritual religioso com frequência garante que se sente mais sereno tranquilo para enfrentar o dia a dia. Não é à toa que as portas do templo estão sempre abertas e com assentos voltados para a rua. “Transmitimos a luz para a sociedade. Deus está em nossa retaguarda. Por isso, recebemos qualquer pessoa que queira conhecer a nossa religião e receber o Johrei”, explica o ministro Marcelo Barbosa, responsável pelos cinco templos messiânicos no estado e também em Alagoas.
A igreja está presente em 72 países em todos os continentes. No Brasil, são mais de dois milhões de simpatizantes e 500 mil fiéis. Em Pernambuco, a religião se instalou na década de 1970 e, atualmente, tem dois mil adeptos. O templo do Rosarinho, sede no estado, foi inaugurado em 1982.
A doutrina da igeja é amparada por três pilares, que consiste na verdade, no bem e no belo. “A arte é vista como algo que eleva o espírito e contribui para a purificação e o bem-estar. Seguimos a alimentação natural, sem agrotóxicos nem adubos. A prática do Johrei favorece a limpeza espiritual. O processo é feito pela purificação e pelo sofrimento, somados às virtudes de cada um. Para que haja mudança é preciso fazer o bem”, diz o ministro.
A ideia principal da igreja é a construção do “paraíso terrestre”, um mundo isento de doenças, miséria e conflitos. Seu fundador Meishu-Sama, iniciou em 1945, no Japão, a construção de protótipos desse paraíso que chamou de Solos Sagrados. No Brasil, um desses solos está localizado em São Paulo, às margens da Represa de Guarapiranga. O parque foi inaugurado em 1995, considerado um dos mais belos do país, onde está instalada a sede central da Igreja Messiânica.
Fora do Brasil e do Japão, existem solos sagrados na Tailândia. A filosofia de Meishu-Sama faz o homem crer no invisível, ensina que existe o espírito e sentimento não só nos humanos, mas nos animais, vegetais e demais seres. “É justamente a prática do Johrei que faz com que as pessoas se transformem, deixem de ser materialistas, egoístas, e passem a fazer o bem, pensar o bem, construindo um mundo melhor para todos”, observa Marcelo.
Semelhante às práticas das igrejas católica e evangélica, a Messiânica também tem cultos. Eles acontecem diariamente e aos domingos. Durante a semana, sempre pela manhã, e no segundo domingo de cada mês, há o culto de gratidão. Nessa cerimônia, o ministro repassa aos fiéis os ensinamentos passados pelo templo central, que ocorre no primeiro domingo do mês.
“São mensagens de aconselhamento e agradecimento e de como o messiânico deve agir para praticar o bem, dentro de casa, no trabalho, na rua. Afinal, para sermos felizes, é preciso fazer o outro feliz”, ressalta o ministro. Nos cultos diários, sempre às 9h, na igreja do Rosarinho, se reza o Amatsu-Norito, oração japonesa de mais de cinco mil anos. Uma espécie de mantra, que repetido várias vezes serve como invocação das energias físicas, emocionais e mentais, além da limpeza do ambiente em grandes amplitudes.
Livro
Os messiânicos também têm a sua própria bíblia, o Alicerce do paraíso, uma publicação em cinco volumes. “É o nosso GPS espiritual”, resume o ministro Marcelo Barbosa. Nos livros, estão os ensinamentos de Meishu-Sama. Em respeito, eles não devem ser colocados sobre cadeiras ou no chão. E nenhum objeto deve ser posto acima deles.
No altar do templo, há um pergaminho com ideogramas japoneses, onde está escrito luz, claridade, verdade e Deus. A igreja também segue os sacramentos do batismo e do casamento. O primeiro, geralmente, é concedido após os 75 dias de nascimento. Já o casamento requer que pelo menos um dos noivos seja ligado à igreja.
Entenda
- A Igreja Messiânica está em 72 países no mundo
- No Brasil, há dois milhões de simpatizantes e 500 mil fiéis
- Em Pernambuco, dois mil fiéis
- O templo do Rosarinho começou a funcionar em 1982
- A fachada e porta principal trazem a assinatura da artista plástica Marianne Peretti
JOH - Purificação
REI - Espírito
- Desperta o homem para a existência do criador
- Fortalece-o para que ele possa ultrapassar os desafios da vida
- Torna-o mais sereno e pacífico
- Eleva sua inteligência e sua personalidade
- Expande sua aura, protegendo-o dos infortúnios
- Possibilita perceber melhor a abundância e as oportunidades, propiciando prosperidade
- Fortalece o sentimento de gratidão e altruísmo
- A arte de arranjar flores, ramos e galhos naturais numa composição. Trata-se de expressão artística desenvolvida pelos japoneses, que leva o praticante à harmonização interior.
- A continua interação com a flor desenvolve a sensibilidade, por isso é considerada uma forma de meditação
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