Mortes em desabamento de ciclovia Trecho da via Tim Maia, no Rio de Janeiro desaba, vitimando ao menos duas pessoas que passavam pelo local no momento do acidente ontem

Publicação: 22/04/2016 03:00

Cerca de 50 metros da faixa foram arrancados com a força do mar (FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL)
Cerca de 50 metros da faixa foram arrancados com a força do mar
Um trecho da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, desabou, na manhã de ontem, levado pela ressaca do mar de São Conrado, no Rio de Janeiro. A ciclovia, que é suspensa e junto ao mar, teve um pedaço de mais de 50 metros arrancado pela água. Até o fechamento desta edição, dois corpos haviam sido localizados pelo Corpo de Bombeiros, que realizou buscas com helicópteros e mergulhadores. O engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 53 anos, e um homem de 45 anos, cuja identidade não foi divulgada, foram as duas vítimas fatais do desabamento. Outras três pessoas teriam ficado feridas.

De acordo com parentes de Albuquerque, antes de sair de casa para correr, ele deixou um bilhete para o filho de 15 anos: “Vou correr, volto já, te amo muito”. Quem reconheceu o corpo de Eduardo foi o cunhado, João Ricardo Tinoco, que foi ao local a pedido da irmã, Eliana Tinoco, a viúva do engenheiro.

Segundo ciclistas que trafegavam no local, o mar estava com uma forte ressaca, com ondas altas e violentas, atingindo a ciclovia e também a Avenida Oscar Niemeyer. Ao saber do acidente, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) resolveu voltar de Atenas, na Grécia, onde participaria da cerimônia de passagem da tocha olímpica – a Olimpíada do Rio será em agosto. “É imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto”, disse.

Técnicos da Secretaria Municipal de Obras foram ao local. O resultado da vistoria realizada para apurar as causas do acidente será divulgado quando de sua conclusão, diz a nota da prefeitura.

O engenheiro Antonio Eulálio Pedrosa, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), acredita que o desabamento tenha sido motivado pela falta de planejamento adequado da obra. A ciclovia é suspensa e foi construída junto ao mar de São Conrado, mas, em sua análise, ao que tudo indica, não foi prevista a possibilidade de ressaca.

“Ela não estava preparada para esse impacto da onda. Não foi previsto no projeto. O cálculo foi correto, mas não se previu a força excepcional da onda, que levantou a estrutura”, avaliou Pedrosa.

A empreiteira Concremat, responsável pela construção da ciclovia, pertence à família do secretário de Turismo da cidade do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello. A Concremat foi fundada por Mauro Ribeiro Viegas, avô de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello. Hoje, a empresa tem como diretor-presidente Mauro Viegas Filho. (Da redação com AE)

Números
  • 3,9 quilômetros de extensão tem a via Tim Maia, que liga o bairro do Leblon ao de São Conrado
  • 50 metros aproximadamente da via desabaram ontem
  • R$ 44,7 milhões foi o custo da ciclovia, inaugurada em janeiro deste ano
  • 2 pessoas ao menos morreram na tragédia