Causas para tragédia de Mariana
Estudo revelou que desde 2009 ocorriam problemas de drenagem na barragem de Fudão e que abalos sísmicos podem ter sido o "estopim"
Publicação: 31/08/2016 03:00
Rompimento da barragem devastou Bento Rodrigues |
O estudo foi encomendado pela Samarco e pelas suas acionistas Vale e BHP Billiton ao escritório de advocacia dos Estados Unidos, Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP. A apresentação do relatório final foi feita por um dos quatro especialistas responsáveis, Norbert Morgenster, professor emérito de engenharia civil pela Universidade de Alberta, no Canadá.
Segundo ele, é possível que pequenos abalos sísmicos ocorridos antes da tragédia tenham sido o estopim para conclusão do processo de rompimento da barragem, que já estava avançado.
Algumas das conclusões estão de acordo com o constatado pela Polícia Civil em investigação concluída em fevereiro. Entre elas, o estudo confirma que o rompimento ocorreu na lateral esquerda da barragem. Nesse local, um recuo da estrutura foi construído apoiado em lama, que estava ali por erros na drenagem. Sobre uma base instável, a obra foi se deteriorando até a consumação da tragédia.
O episódio, que ocorreu em 5 de novembro de 2015, deixou 19 mortos, poluiu a bacia do Rio Doce e destruiu grandes áreas de vegetação nativa. Em fevereiro, a Polícia Civil indiciou sete pessoas, entre elas o ex-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi.
Em nota, a Samarco destacou que o escritório responsável pelo estudo foi contratado sob premissa de absoluta independência. A mineradora acrescentou que colaborou plenamente com a pesquisa e que está tendo acesso aos resultados juntamente com a imprensa. “Trata-se de um trabalho técnico complexo e detalhado, que será estudado para que comentários possam ser feitos. Qualquer manifestação nesse momento é precipitada”, finalizou o texto.
Há duas semanas, o Tribunal de Justiça de Minas determinou a suspensão temporária de todas as licenças ambientais do Complexo de Germano, pertencente à Samarco. (Agência Brasil)