Surto se estabiliza em Minas Gerais Redução da incidência de febre amarela no epicentro do problema pode ser bom indicativo num momento no qual autoridades temem expansão

Publicação: 06/02/2017 03:00

A queda no número de internações de pacientes com sintomas de febre amarela silvestre registrada pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais levou o governo daquele estado a concluir que o surto caminha para a estabilização. Ao todo, somente em janeiro, 570 pessoas foram internadas com sintomas de febre amarela em hospitais da área afetada pela doença em Minas, o que representa média de 18,3 internações por dia. Mas, de acordo com a subsecretária de Políticas e Ações de Saúde, Maria Turci, os números de fevereiro indicam redução: a média foi de apenas dois pacientes por dia. A doença pode ser transmitida pelo Aedes aegypti desde que uma pessoa infectada seja picada pela mosquito.

“Nesses últimos cinco dias observamos uma queda significativa nas solicitações de internação por febre hemorrágica e febre amarela. Desde 31 de janeiro, o Hospital Eduardo de Menezes (em Belo Horizonte) não recebe nenhum paciente novo. Essa situação nos leva a crer que estamos chegando ao fim do surto”.

A boa notícia chega num momento em que autoridades brasileiras temem o alastramento do surto pelo país. Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde fez um alerta para o risco também em nações vizinhas da América do Sul. O número de mortes confirmadas chegou a 55 em Minas, quatro no Espírito Santo e três em São Paulo.

Segundo o governo de Minas, outro indicador de que o cenário de febre amarela caminha para a estabilização é o quadro de notificações. Os últimos dados coletados junto aos municípios apontam para redução de registros. Balanço divulgado pela secretaria na sexta-feira mostra que são 843 casos suspeitos no estado, com 152 confirmados.

“Todos os dados têm apontado que o pico de transmissão da doença ocorreu entre a segunda e a terceira semana de 2017, o que corresponde aos dias 8 e 17 de janeiro. Nestes últimos dias, agora em fevereiro, ainda temos registrado casos, mas em número muito menor”, afirma o subsecretário de Vigilância e Promoção à Saúde, Rodrigo Said.

Em Minas, o surto de febre amarela teve seu primeiro registro em 2 de janeiro, quando a SES foi notificada pelas regionais de Saúde de Teófilo Otoni e de Coronel Fabriciano sobre casos suspeitos. Além dessas duas áreas, notificações ocorreram nas regionais de Governador Valadares e Manhumirim e, por último, em Delfinópolis, onde foram registrados três óbitos. Até a sexta-feira já eram 66 municípios com notificações e 35 cidades com casos confirmados. Ainda de acordo com Rodrigo, nenhum outro município no entorno de Delfinópolis apresentou casos suspeitos.

Embora o número de cidades listadas no boletim esteja aumentando dia a dia, Said afirma que a tendência de queda das notificações se mantém. Isso porque, afirma, dois cenários estão ocorrendo. “Há situações em que o início dos sintomas tem data das primeiras semanas do mês, mas os casos estão sendo notificados agora. E outras em que estamos recebendo casos que entraram na lista na quarta ou quinta semana de janeiro, mas esse é um número menor.” (Do Estado de Minas)