Jornalismo perde Alberto Dines Fundador do Observatório da Imprensa estava internado há dez dias em São Paulo e morreu ontem em decorrência de deficiência respiratória

Publicação: 23/05/2018 03:00

O jornalista Alberto Dines, fundador do Observatório da Imprensa, morreu ontem, aos 86 anos. Dines estava internado há dez dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O hospital informou que o jornalista morreu às 7h15, vítima de deficiência respiratória. O sepultamento vai ocorrer hoje na capital paulista.

Jornalista, professor universitário, biógrafo e escritor, Dines teve destaque em vários veículos de comunicação. Começou a carreira no jornalismo em 1952 na revista A Cena Muda e no ano seguinte participou da fundação da revista Visão para acompanhar reportagens da área artística. Em 1957 trabalhou na revista Manchete, de propriedade de Adolpho Boch. Dois anos depois foi diretor do segundo caderno do jornal Última Hora, de Samuel Wainer. No ano seguinte, dirigiu o jornal Diário da Noite, dos Diários Associados, pertencente a Assis Chateaubriand. Em 1962 virou editor-chefe do Jornal do Brasil, onde permaneceu até 1973. Também esteve à frente de reforma editorial do Diario de Pernambuco nos anos 1970.

No ano seguinte foi professor-visitante na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, de onde voltou para ser diretor da sucursal da Folha de S. Paulo, no Rio de Janeiro. Em 1980, deixou o jornal e passou a colaborar em O Pasquim.

Mudou-se para Lisboa em 1988, onde lançou a revista Exame, do Grupo Abril. Ainda em Lisboa lançou o Observatório da Imprensa, uma entidade sem fins lucrativos dedicada a avaliar a qualidade do jornalismo brasileiro. Dines retornou ao Brasil em 1994. Em 1998, lançou o Observatório da Imprensa na TV Educativa do Rio de Janeiro. O programa foi, posteriormente, produzido pela TV Brasil.  O Observatório da Imprensa ficou no ar de 1998 a 2016.

O presidente Michel Temer lamentou a morte do jornalista Alberto Dines. Em mensagem no Twitter, Temer afirmou que o jornalismo perde um dos seus pilares. “O jornalismo brasileiro perde um dos pilares da ética e do profissionalismo. Alberto Dines passou pelos mais importantes veículos do país e criou uma geração de jornalistas comprometidos com a correção da informação. Meus cumprimentos à família.”

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, também lamentou a morte de Dines, a quem atribuiu o aperfeiçoamento profissional do jornalismo no Brasil. O chanceler lembrou que foi Dines que sugeriu a inclusão, na Constituição, da participação de pessoas jurídicas no capital social das empresas jornalísticas.

Aloysio Nunes afirmou também que Dines foi condecorado, em 2010, com a Ordem do Rio Branco por sua atuação como “jornalista de ofício, zeloso da ética e profundamente devotado”. “O Observatório da Imprensa, que fundou e conduziu ao longo de mais de 20 anos, é referência obrigatória e fonte indispensável de informações para aqueles que acompanham a política brasileira. Com sua visão crítica e autônoma, ajudou a aprimorar o trabalho fundamental que realiza a imprensa numa sociedade democrática e pluralista.” (ABr)