Plano foi elaborado sem consultar reitores

Publicação: 18/07/2019 03:00

O plano anunciado pelo Ministério da Educação para captar recursos do setor privado para as universidades foi elaborado sem consultar reitores, afirmou ontem o presidente da Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais do Ensino Superior), Reinaldo Centoducatte. “É uma proposta formulada sem qualquer tipo de participação e escuta dos reitores”, disse. “Não tem precedente um projeto desse vulto sem ter tido discussão prévia.”

Segundo ele, a associação fará um grupo para avaliar o tema, mas as universidades terão liberdade para decidir se devem aderir ou não à proposta. A principal preocupação dos reitores é verificar possíveis impactos à autonomia das instituições. “Queremos preservar a autonomia. Se for algo que vai restringir o funcionamento e o papel da universidade em áreas específicas, isso vai contra o conceito de universidade”, disse.

Para Centoducatte, a adesão ao modelo não pode ser "tudo ou nada”. Entre os pontos que não estão claros, informam, estão o papel das organizações sociais e os impactos dessa medida e a mobilização de recursos por meio do fundo de financiamento a ser criado no programa.

“Há pontos obscuros sobre qual será o papel das Organizações Sociais. O que significará transferir a responsabilidade de gestão para uma organização social? O que isso afeta na autonomia da universidade? ”, disse João Carlos Salles, reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Outra questão é a gratuidade dos serviços. Para Salles, da UFBA, a criação de um projeto para captar recursos extras para custeio das instituições mostra que o governo reconhece a atual defasagem orçamentária. Segundo a Andifes, algumas universidades podem suspender as atividades em setembro devido ao contingenciamento de recursos.

O grupo fez um apelo para que a PEC do teto de gastos seja revogada, medida que traria mais recursos, apontam.  (FolhaPress)