CoronaVac tem eficácia global de cerca de 50% Na semana passada, instituto e governo de SP haviam anunciado efetividade de 78% para casos leves e 100% para ocorrências graves

Publicação: 13/01/2021 03:00

Após questionamentos sobre a eficácia da vacina CoronaVac anunciada na última semana pelo Instituto Butantan e pelo governo de São Paulo, foi divulgado ontem que a eficácia global do imunizante contra a Covid-19 é de 50,38%. Na semana passada, o governo estadual e o instituto paulista anunciaram uma eficácia de 78% para casos leves e 100% para casos graves. Os números, entretanto, são recorte do estudo. Ao observar toda a amostra, chega-se à eficácia geral, principal indicador da pesquisa e cujo número é menor.

Desta forma, os números mostram que a vacina protege pouco mais da metade das pessoas contra o vírus. O índice atende à eficácia mínima recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 50%. A Anvisa explica que não há critério de eficácia mínimo definido em norma para aprovação da vacina, seja para uso emergencial ou para registro definitivo. Porém, a agência diz estar alinhada às discussões internacionais, que sugerem um valor mínimo de 50%.

Das pessoas que pegaram a covid-19, 77,96% ficam protegidos contra casos leves, sendo que sete pessoas haviam recebido a vacina, e outras 31, placebo. Apesar do governo de São Paulo já ter indicado que a eficácia da vacina em casos graves e moderados é de 100%, o diretor médico de pesquisa do Instituto Butantan, Ricardo Palácios, explicou ontem que a significância estatística desse número não é válida, porque o número de infectados que precisaram de hospitalização no total é pequeno, tendo em vista que apenas sete pessoas do grupo placebo integram o mesmo.

“O que encontramos nesse grupo que precisou de internação hospitalar foi que nenhum dos participantes do grupo vacinado e sete do grupo placebo precisaram da hospitalização. Esse é um dado pequeno e ainda não tem significância estatística embora esteja demonstrando uma tendência”, indicou Palácios.

Segundo o diretor do instituto paulista, a tendência demonstrada pelo estudo é de que a vacina diminui a intensidade clínica da doença. “É um dado que se tem que ver com cautela e por isso sempre colocamos isso dentro de um contexto que há uma tendência da vacina a diminuir a intensidade clínica da doença. Esse é o dado de conclusão que devia ser salientado. Não há uma promessa de que ninguém vai morrer se for vacinado porque nenhuma vacina pode fazer essa promessa”, completou.

Entre as conclusões apresentadas em uma apresentação está a de que o efeito da vacina “tende a aumentar conforme aumenta a intensidade da doença”. (Correio Braziliense)