Heróis da resistência Mesmo com tantas tentações no mundo real e no virtual, há consumidores que não abrem mão de comprar os CDs originais

MIRELLA FALCÃO
mirellafalcao.pe@dabr.com.br

Publicação: 01/06/2014 03:00

Vendas do segmento ainda são um negócio importante dentro das lojas de departamento e grandes livrarias (DEBORA ROSA/ESP. DP/D.A PRESS)
Vendas do segmento ainda são um negócio importante dentro das lojas de departamento e grandes livrarias
Acarrocinha de CDs piratas. Os sites para baixar músicas grátis na internet ou aqueles de compra pelo download da canção, no caso dos que fazem questão de contribuir com o artista. No mundo real ou virtual, não faltam opções para deixar de lado o CD original. Apesar disso, há consumidores que ainda procuram o produto, fazendo com que as vendas do segmento ainda sejam um negócio importante dentro das lojas de departamento e grandes livrarias.

Para a servidora pública Flávia Rocha, 32 anos, que também compra músicas online em canais como o iTunes, o encarte é o grande diferencial do CD original. “Eu gosto muito de música. Sempre observo a letra, quem fez a canção, onde foi gravada, quais os instrumentos utilizados. Essas informações não estão no lançamento digital. Por isso ainda compro o CD.”

Relançamentos, edições limitadas, coletâneas e novos álbuns de artistas que Flávia gosta ganham sempre a preferência pelo CD. “Compro de quem eu sou fã. Um dos meus gêneros favoritos é a música pop sueca. E não importa o preço. Recentemente, gastei R$ 200 em um box importado com quatro discos.”

“Para o fã, o álbum pode estar de graça na internet, mas ele ainda vai querer o CD. É uma forma dele ter um pedacinho do artista com ele. Gostam de colecionar”, explica José Pereira, vendedor líder do setor de música da Saraiva MegaStore . “O mercado não é o mesmo de 15 anos atrás. Sofreu um abalo pela pirataria e pela internet, mas hoje ele se estabilizou e é mantido por um grupo de consumidores que ainda gosta de comprar o CD”, comenta João Paulo Bueno, analista de negócios na categoria música da Livraria Cultura.

“As próprias gravadoras passaram a criar produtos mais acessíveis, como o EP, que tem menos músicas e custa entre R$ 9,90 e R$ 12,90. Vende muito”, acrescenta Pereira, da Saraiva. Nas duas redes, os álbuns de MPB e de pop internacional estão entre os gêneros mais vendidos. Em datas comemorativas, como Natal, Dia das Mães e Namorados, cresce a procura.
As vendas do item podem chegar a 20% das vendas totais das grandes livrarias, caso da Saraiva MegaStore. O Recife está entre as capitais que mais compram CDs. “A loja do Bairro do Recife é a terceira que mais vende CDs no país. Só fica atrás da loja da Avenida Paulista e da nossa filial de Porto Alegre”, diz João Bueno.