Diario Econômico

Bruna Siqueira Campos
brunasiqueira.pe@dabr.com.br

Publicação: 01/08/2014 03:00

A crise fala espanhol

Se o Brasil fosse uma empresa, poderíamos dizer que seria uma companhia tentando gerenciar uma crise com sotaque espanhol. Não exatamente como um filme de Almodóvar, nem tocando um tango de Gardel ao fundo. Mas a turbulência política e econômica do momento começou protagonizada pela Espanha e agora ganha as feições da Argentina, com direito a foto do ministro “galã” da economia, Axel Kicillof, falando ao pé do ouvido da presidente Cristina Kirchner na capa do site do jornal O Clarín. Foi deflagrada pela equipe de analistas financeiros do Santander, que emitiu um relatório aos clientes mais endinheirados vinculando as altas do Ibovespa a derrotas da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas – movimentação mais do que comentada, há meses, pelo mercado financeiro. Antes deste episódio, o economista-chefe do banco espanhol entre 2008 e 2011, Alexandre Schwartsman, já tinha sido demitido por discutir com o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli. Agora, chegou a vez do calote técnico decretado pela Argentina, quase 13 anos após a moratória de 2001, preocupar os brasileiros. A queda de 8,39% do principal índice da bolsa de valores do país vizinho, o Merval, respingou ontem no Ibovespa (-1,84%) e impactou até nas ações da Ambev. Aqui em Pernambuco, os hermanos figuram como principal parceiro comercial dos exportadores e respondem por 19,53% da nossa pauta. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no primeiro semestre os argentinos compraram US$ 99,9 milhões em mercadorias saídas dos portos pernambucanos, volume 90,5% maior do que o do mesmo período de 2013. Já dá para garantir algumas “rugas” de preocupação. O economista e professor da UFRPE Luiz Maia lembra que as exportações ainda não são o motor da economia pernambucana, embora a desaceleração dos negócios na Argentina implique em fuga de capital estrangeiro - o que aumenta a cotação do dólar por lá e reduz, temporariamente, as importações. Isto é, se não estivermos falando de produtos essenciais, como gasolina, há risco de contágio à balança comercial, sim. Basta saber que a indústria do país vizinho está há 11 meses em baixa, e o setor é o principal cliente de produtos que saem do estado - ácido tereftálico, geradores e borracha estão entre eles. Administrador com formação em comércio exterior, Hans Hutzler lembra que estamos falando de um parceiro comercial muito forte do Brasil, antes mesmo do Mercosul, mas igualmente complicado - assim como no futebol. Isto somado à quase recessão brasileira, não podemos esperar boa coisa por aí.

Aliás…

Aristides Cavalcanti, diretor da Finacap, diz que analistas de bancos e corretoras estão bem mais “cuidadosos” em seus relatórios depois da polêmica do Santander. Criou-se um cavalo de batalha, mas tem instituição passando alerta geral para suas equipes. Garante não lembrar de situação parecida em 25 anos trabalhando com mercado de capitais.

Devo não nego?

Fornecedores da Refinaria Abreu e Lima, da IMPSA e do Estaleiro Atlântico Sul têm se queixado, nos bastidores, da demora que amargam para receber qualquer pagamento por serviços prestados. Teve empresário batendo na porta da Petrobras, no Rio de Janeiro, atrás de dinheiro que deveria ter recebido e nunca pingou na conta.

Energia limpa

O administrador geral de Fernando de Noronha, Reginaldo Valença Júnior, tem uma meta para cumprir até o final de 2015: assegurar que 20% do consumo de eletricidade da ilha sejam garantidos por fontes renováveis de energia, tanto solar quanto eólica. No início deste mês, a Celpe inaugurou a primeira usina solar fotovoltaica do arquipélago.

Apoio em Suape

O Cone Suape inaugura hoje o Truck Pátio, primeiro centro de apoio e triagem a caminhões e motoristas do Nordeste, onde foram investidos cerca de R$ 10 milhões.