Prepare-se para o adeus ao Orkut Rede social já tem dia para sair do ar: 30 de setembro. Novas opções estão aparecendo no cyber espaço, como a russa VKontakte

THATIANA PIMENTEL
thatianapimentel.pe@dabr.com.br

Publicação: 31/08/2014 03:00

Para o publicitário Marcelo Petego, o interesse em aderir à rede russa foi profissional (EVERSON VERDIAO/ESP.DP/D.A.PRESS)
Para o publicitário Marcelo Petego, o interesse em aderir à rede russa foi profissional
Quem mantém uma conta na rede social Orkut pode começar a contagem regressiva porque a Google marcou oficialmente o encerramento da página para o dia 30 de setembro. A abertura de novas contas, inclusive, já não é permitida, sendo possível apenas aos usuários exportar informações do perfil como mensagens e fotos. Em seu auge, no ano de 2011, o Orkut chegou a ter 40 milhões de contas no Brasil. Agora, sai de cena abrindo espaço para as redes já consolidadas como o Facebook e o Google + e para as menos populares, como a rede social russa VK. Batizado de VKontakte, o site vem conquistando cada vez mais usuários brasileiros justamente por causa das ferramentas que fizeram mais sucesso no Orkut: as comunidades.

Para o publicitário Marcelo Petego, o interesse em aderir à rede foi profissional. “Entrei no VK para analisar suas possibilidades e a mecânica de usabilidade. E percebi que basicamente a rede possui as mesmas funcionalidades do Orkut, mas tem caído no gosto de uma turma mais ‘cult’ que busca por opções menos populares. O público é basicamente aqueles brasileiros que se dizem contrários à orkutização do Facebook”, analisa. Segundo ele, o fato de ter poucos usuários brasileiros é, na verdade, uma desvantagem. “A rede não despertou interesse das grandes marcas e, como sou publicitário, isso acabou fazendo meu interesse cair.”

Atualmente, a VK afirma possuir cerca de 340 mil usuários brasileiros, o que é irrisório perto dos 89 milhões usuários do Brasil inscritos no Facebook. Mas, de acordo com Jacques Barcia, consultor do Porto Digital, a rede não quer competir com o Facebook ou o Google +. “A VK é voltada para uma região específica, isolada do mundo. Os 270 milhões de usuários são basicamente da comunidade ex-união soviética e do Leste Europeu. Não é uma rede pensada de forma global”, afirma. Para Barcia, nenhuma página irá substituir o Orkut, criado em 2004. “O Orkut ficou popular pelo cenário que havia na época de sua criação. Por muitos anos, era a única rede social conhecida. Hoje, a tendência é da especialização, como o WhatsApp, que se qualificou em mensagens. O VK tem como único diferencial o compartilhamento de músicas, mas até isso não é novidade, porque muitos sites brasileiros fazem isso bem melhor.”

Silvio Meira, consultor do C.E.S.A.R e conselheiro do Porto Digital, é ainda mais radical e aconselha que ninguém se aventure na rede russa. “O criador do VK, Pavel Durov, é brilhante, mas o site hoje é acompanhado de perto pelo governo de Vladmir Putin. Ou seja, é uma rede social controlada”, declara. Segundo Meira, além da vigilância incômoda, a ligação da rede com o Estado russo pode provocar dores de cabeça maiores do que ter seu perfil vigiado. “Caso aconteça uma sanção, o site pode sair do ar e, talvez, apagar a conta dos usuários. Quem tiver migrado para lá, pode perder tudo.”