Refinaria Abreu e Lima estreia em 4 de novembro Diretor da Petrobras confirmou ontem a data para início das operações. Mas os trabalhadores estão em greve desde a semana passada

Publicação: 12/08/2014 03:00

Trabalhadores das empresas não aceitaram percentual de reajuste salarial proposto pelos patrões (ALLAN TORRES/ESP. DP/D.A PRESS)
Trabalhadores das empresas não aceitaram percentual de reajuste salarial proposto pelos patrões
Omês já estava certo. Agora a Petrobras anunciou o dia. A primeira unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) começa a operar em 4 de novembro. A data foi confirmada ontem pelo diretor de abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, durante uma teleconferência sobre o resultado da empresa no segundo trimestre. “Nossa meta é já produzir diesel para compensar a importação.” Ainda segundo Cosenza, a segunda unidade da refinaria deve começar a operar em maio de 2015. Mas para conseguir terminar as obras a tempo da data marcada para a inauguração é preciso “combinar” com os trabalhadores, em greve desde a semana passada. Ontem, a primeira tentativa de um acordo para pôr fim à greve não deu resultado.

Durante a assembleia geral, a categoria não aceitou a segunda proposta de reajuste salarial do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) e decidiu permanecer com as atividades paralisadas por tempo indeterminado. Os trabalhadores pedem um reajuste de 13%. O Sinicon sinalizou, inicialmente, com 7,5%. Depois chegou a uma proposta de 8%. “Vamos aguardar uma nova proposta dos patrões para definir os rumos da greve e aceitamos conversar também sobre o pagamento do adicional de periculosidade a partir de setembro”, explicou Leodelson Batos, diretor de fiscalização do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem em Geral (Sintepav-PE).

A assembleia de ontem foi pacífica, sem incidentes e reuniu mais de 10 mil trabalhadores. Segundo o Sintepav-PE, cerca de 38 mil aderiram à greve. Uma nova assembleia geral está marcada para a manhã de hoje, a partir das 7h, para definir pela continuidade da greve ou acordo junto aos patrões. A paralisação também atinge a PetroquímicaSuape. Sobre a greve, a Petrobras informou em nota que “não é parte nas relações trabalhistas entre as empresas contratadas da obra da Refinaria Abreu e Lima e seus funcionários. A companhia acompanha as negociações que estão em andamento e espera um desfecho adequado para ambas as partes”.

Orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, a Rnest já custa pouco mais de US$ 18 bilhões. Pode chegar próximo aos US$ 20 bilhões, segundo a presidente da Petrobras Graça Foster, que visitou as obras da refinaria em julho. A estatal está tocando as obras sozinha, depois que viu naufragar a “parceria” com a venezuelana PDVSA. Pelo acordo firmado em 2005, o Brasil assumiria 60% dos gastos e a Venezuela ficaria com os 40% restantes. A confirmação de uma refinaria 100% nacional aconteceu no segundo semestre do ano passado. A Rnest será a unidade com maior taxa de conversão de óleo cru em Diesel (70%), apta a processar 230 mil barris por dia de petróleo pesado. Também vai produzir gás liquefeito de petróleo (GLP) e coque.