Bônus para o futuro Brasileiros entre 22 e 50 anos não podem perder tempo e devem guardar uma parte dos salários. Especialistas dizem que uma velhice com qualidade não é apenas para os ricos

VERA BATISTA
economia.pe@dabr.com.br

Publicação: 22/12/2014 03:00

Eugênia Santana só conseguiu ter alívio financeiro quando começou a poupar (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Eugênia Santana só conseguiu ter alívio financeiro quando começou a poupar
OBrasil está vivendo a fase mais promissora de uma Nação. A maior parte da população está na idade produtiva, ou seja, com capacidade plena para gerar riqueza. Toda a bonança, porém, tem prazo de validade. Acabará em 2040, quando seremos um país de velhos. A grande maioria dos brasileiros ainda não se deu conta do momento pelo qual estamos passando. Em vez de pouparem para o futuro, as pessoas estão focadas no presente, acumulando dívidas. Mas ainda é possível mudar a direção.

Aqueles que estão entre os 22 e os 50 anos de idade — um público de 89,8 milhões de pessoas, ou 44,6% da população — não podem perder tempo. Cada ano sem poupar significará um ano de problemas na velhice. “Não há mágica. As pessoas que se preocupam em destinar parte dos salários para uma aplicação financeira certamente terão menos dificuldades para o sustento quando se aposentarem”, alerta Jurandir Sell Macedo, consultor de finanças pessoais.

Para ele, os trabalhadores que se empanturram com o crédito fácil devem, agora, trilhar o delicado caminho das finanças sustentáveis. Não se trata de aprender apenas uma ciência exata ou de calcular quanto do salário será reservado a cada mês. O fundamental é se adequar à realidade. Moldar projetos de vida de longo prazo. E entender que dinheiro é consequência de estudo e de trabalho. “Organizar as finanças não é um fato trivial, mas os resultados são gratificantes”, garante Macedo.

Que o diga Eugenia Alves Santana, 35 anos. Casada há 14 anos, ela só começou a se organizar financeiramente depois do nascimento da filha, Eliza, de 2 anos e 4 meses. Ela conta que aos 17 trocou o interior da Bahia por Brasília em busca de uma vida melhor. Na capital do país, terminou o ensino médio e trabalhou como secretária de uma empresa de construção civil. Quando casou, retirou todo o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que havia acumulado e, com o marido, Alison, 42, arrematou uma loja de material de construção, em São Sebastião, que pertencia ao tio dele.

“Não foi brincadeira. Para arcar com a compra da empresa, tudo que o vendíamos no cartão de crédito era direcionado para o antigo proprietário. O que faturávamos em dinheiro bancava as nossas contas”, ressalta. Tanto esforço foi recompensado. “Poupamos o máximo e conseguimos honrar todas as nossas dívidas antes do prazo acertado, em 10 meses, em vez de dois anos ”, acrescenta.