À espera do racionamento

Publicação: 25/01/2015 03:00

O dilema do governo é como desatar este nó. Não foi por falta de aviso. Desde o racionamento de energia elétrica em 2001, especialistas e técnicos do setor elétrico alertam para os riscos de um novo apagão. “Os erros se acumularam desde 1995. Ficamos à mercê das chuvas”, pontua Antônio Feijó, especialista em energia do Instituto Ilumina. Ele acrescenta: “Se não chover nos próximos três meses, corremos sério risco de um novo racionamento, a partir do segundo semestre.”

Só nos resta rezar para São Pedro mandar chuvas. Ou adotar medidas para diminuir o consumo. Para Feijó, medidas de estímulo à redução do consumo são bem-vindas. Ao mesmo tempo, ele argumenta que o espaço para a economia de energia no Brasil é muito pequeno porque o consumo ainda é baixo. Segundo o especialista, o consumo per capita do brasileiro fica 30% abaixo do norte-americano. Por outro lado, as medidas adotadas no racionamento de 2001 reduziram a margem para economizar o insumo.

Conceição Cavalcanti, da C&T Assessoria e Gestão de Energia, defende medidas imediatas que incentivem o uso eficiente da energia. Nas residências podem ser desligados os aparelhos eletrônicos das tomadas. Segundo ela, pode parecer pouco, mas somada a substituição das lâmpadas incandescentes por eficientes, podem fazer a diferença na redução do consumo doméstico. “O setor público poderia colaborar com a desativação de um elevador nos horários de menor movimento e a indústria ter planos de uso eficiente da energia.”

Os especialistas alertam que as medidas de redução do consumo são pontuais. Mesmo com o início de operação de novas usinas hidréletricas (Jirau, Belo Monte, Teles Pires) e das linhas de transmissão, o uso de outras fontes de energia deverá ser ampliado para reduzir a dependência das hidrelétricas e das térmicas. “Chegamos na hora da verdade. Se postergarmos as medidas, só nos resta entregar para Deus”, salienta André Crisafulli, da Consultoria Andrade & Canellas.