Balanço ajudou a estatal,masendividamento e Lava-Jato continuam sendo problemas

Aagência de classificação de risco Fitch retirou ontem os títulos de dívida da Petrobras da situação de observação negativa em que se encontravam desde fevereiro, o que afasta a possibilidade de rebaixamento da empresa a curto prazo. No entanto, manteve a nota BBB- e a perspectiva negativa para os papéis da estatal, indicando que, devido aos problemas que enfrenta, a petroleira ainda corre o risco de sofrer corte na classificação num período entre 12 e 24 meses.

A melhora no rating de curto prazo foi feita em consequência da divulgação do balanço auditado de 2014, na última quarta-feira. A publicação dos demonstrativos, explicou a Fitch, evitou que a estatal ficasse sujeita a entrar em calote e a ter parte de sua dívida executada. Isso poderia ocorrer porque muitos contratos possuem cláusulas (covenants, na denominação em inglês) que permitem aos credores exigir o pagamento imediato dos débitos caso algumas condições não sejam cumpridas. “O risco agora foi mitigado”, disse a agência.

A incerteza sobre a capacidade da companhia de reduzir o endividamento de R$ 351 bilhões, porém, levou a Fitch a manter a perspectiva negativa para os títulos emitidos pela estatal. A agência teme que as investigações da Operação Lava-Jato possam retardar a entrega de plataformas e prejudicar a extração de petróleo. “A Petrobras pode enfrentar desafios para desalavancar sua estrutura de capital organicamente, com o escândalo de corrupção podendo atrasar a entrega de unidades de produção”, disse a agência, em comunicado.

Na quinta-feira, a Standard & Poor's, havia afirmado que o rating BBB- e a perspectiva negativa atribuídos à Petrobras não foram imediatamente afetados pela divulgação do balanço.

Incertezas
A Fitch havia colocado a Petrobras em observação negativa — que aponta para um possível rebaixamento em um prazo de três a seis meses — porque tinha dúvidas sobre a capacidade da empresa de fazer os ajustes necessários para cumprir cláusulas dos contratos com credores. Ontem, a agência afirmou que a liquidez da estatal melhorou com a obtenção, recentemente, de US$ 13 bilhões em novas linhas de financiamento. Parte desses recursos virá da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, o que, segundo a Fitch, mostra o empenho do governo em sustentar a companhia.