Plano B para manter empregos
Centrais sindicais
enviaram projeto
ao governo que
prevê reduções de
jornada e salário
para estancar onda de
desemprego no país
ROSA FALCÃO
rosafalcao.pe@dabr.com.br
Publicação: 26/05/2015 03:00
Indústria cortou 53.850 postos de trabalho com carteira no país em abril |
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, que também é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, diz que a Alemanha adota a flexibilização da jornada com a redução de salários nos períodos de baixo crescimento econômico. Por exemplo: a carga horária é proporcional à queda de produção. Se a empresa reduz 30% da produção, a jornada é diminuída na mesma proporção. “A empresa paga as horas trabalhadas e as horas não-trabalhadas são pagas por um fundo”, diz. Pelo modelo proposto pelas centrais sindicais, o fundo deverá ser bancado 50% pelas empresas e 50% com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
No atual modelo de flexibilização de jornada adotado no Brasil (lay-offf), o contrato de trabalho é suspenso por um período de cinco meses (renovado por mais cinco) e o trabalhador recebe o equivalente ao seguro-desemprego. “O modelo brasileiro não cobre 100% do salário dos trabalhadores. Não existe um mecanismo para enfrentar os períodos de crise”, enfatiza Nobre. Além disso, durante o período de suspensão do contrato de trabalho, as empresas deixam de pagar as contribuições (INSS, FGTS e Imposto de Renda). “O custo do governo para manter o trabalhador desempregado é maior do que para manter o emprego porque há perda de arrecadação.”
O presidente nacional da Força Sindical Miguel Torres também defende um plano de proteção do emprego semelhante ao alemão. Para o sindicalista, o fundo deveria ser alimentado com os recursos da multa de 10% do FGTS cobrada pelo governo no ano 2000 para repor as perdas financeiras do fundo. Segundo Torres, a proposta entregue ao governo não definiu o percentual de redução de jornada e a proporção de corte nos salários. “Temos que aprofundar os critérios do plano e da criação do fundo.”
O secretário-geral da CUT acrescenta que o plano de proteção ao emprego deverá ser opcional e negociado nos acordos coletivos. “Já esgotamos os modelos de férias coletivas, banco de horas e licença remunerada. Temos que inverter a lógica e assegurar o emprego.” A UGT foi procurada pelo Diario, mas não retornou as ligações.
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