Shoppings fazem ajustes para driblar crise no país Centros de compras reduziram projeto ou mudaram o cronograma com novo cenário econômico

THATIANA PIMENTEL
thatianapimentel.pe@dabr.com.br

Publicação: 10/03/2016 03:00

North Way vai inaugurar metade das salas de cinema para tentar atrair mais público e lojistas para o mall (NANDO CHIAPPETTA/DP)
North Way vai inaugurar metade das salas de cinema para tentar atrair mais público e lojistas para o mall
O Shopping Marista, o Outlet do Nordeste (ONE) e o Paulista North Way estão readequando suas estratégias para superar a incerteza econômica e conquistar mais lojistas e clientes. O primeiro atrasou o cronograma e terá um enxugamento no projeto. O ONE, que seria inaugurado no primeiro semestre de 2016, irá segurar as obras por mais um ano. Já o Paulista North Way, inaugurado em dezembro de 2015, está seguindo justamente o fluxo contrário e agilizou as obras do cinema, que será 50% inaugurado no próximo dia 30, na esperança de aumentar o fluxo de lazer do mall e o interesse dos lojistas, uma vez que 40% do shopping ainda está sem contratos.

“Os lojistas estão assustados com a falta de orientação do mercado. Por causa disso, nos programamos para incentivar o fluxo de lazer com a inauguração dos cinemas. Neste mês vamos abrir quatro salas e, em 30 de abril, mais quatro”, explica Marcos Motta, superintendente do Paulista North Way. Segundo ele, a expectativa do mall em atender os trabalhadores da Fábrica da Jeep, em Goiana, foi frustrada. “O que passa pelo shopping são os ônibus indo para a Fiat. E não param. Mas, ainda temos esperança, pois estão chegando 16 sistemistas em Itapissuma e teremos a inauguração da Renner, nova âncora, em abril.” Para Motta, não fosse o cenário econômico, o centro de compras já estaria 87% contratado.

O Shopping Marista, por sua vez, que ficará localizado no local do antigo Colégio Marista, na Avenida Conde da Boa Vista, terá um pequeno ajuste no desenho inicial e na data de inauguração. Previsto para abrir as portas no segundo semestre de 2018, só deverá ser inaugurado em 2019. De acordo com Luiz Rangel Moreira, um dos responsáveis pelo projeto arquitetônico, o Grupo Luna, investidor e administrador do shopping, pediu uma revisão do desenho, que envolve um terreno de 15 mil metros quadros e um total de 195 pontos comerciais, além da restauração do prédio principal do colégio. “O momento está favorável para construir, uma vez que existe mão de obra qualificada disponível mas pela nova conjuntura, as obras serão mais lentas, com conclusão para início de 2019.”

Mesmo caminho foi tomado pelo ONE, anunciado como investimento de R$ 80 milhões em Jaboatão dos Guararapes, na BR 232, que está em stand by e, ao invés de ser inaugurado em julho deste ano, como o planejamento inicial, deverá ser aberto apenas no final do terceiro trimestre de 2017. A promessa é atrair os pernambucanos com marcas internacionais de luxo e descontos mínimos de 30%.

Para o presidente da Associação de Lojistas de Shopping Center (Aloshopping), Alexandre França, o cenário é delicado, mas os lojistas estão com a vantagem nas horas das negociações. “O que indicamos é que o lojista tenha muita atenção com o contrato e não observe só o valor do aluguel, mas também do condomínio. O cálculo é não gastar mais que 20% do faturamento nos gastos com a estrutura. Como os malls estão numa fase de muita vacância, fica mais fácil negociar os contratos”, adianta. França indica, porém, que os novos shoppings programados para a Região Metropolitana do Recife (RMR) têm boas chances de sucesso. “O Paulista vai ter um bom aumento de fluxo com os cinemas, que chamam mais clientes que supermercados. O Marista irá se inserir no comércio do Centro e o momento é positivo para os outlets que têm estrutura e produtos são mais baratos”.