Quadrilha é presa por fraude em saques do FGTS
Organização criminosa tentou resgatar mais de R$ 3 milhões, com prejuízo confirmado de R$ 800 mil
GABRIELA ARAÚJO
especial para o Diario
gabriela.araujo@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 20/10/2016 03:00
![]() | |
Em coletiva, representantes da PF disseram que a média de saques era de R$ 10 mil |
A Polícia Federal (PF) em Pernambuco deflagrou ontem a Operação Demara para desarticular uma quadrilha especializada em resgates fraudulentos de valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A organização tentou resgatar mais de R$ 3 milhões em valores indevidos de FGTS. Conseguiram tirar dos cofres públicos R$ 800 mil. Segundo a PF, 13 empresas pernambucanas vítimas das fraudes já foram identificadas. Entre elas estão Adlim Terceirização em Serviços, Masterboi, Tintas Iquine e Comercial Vita Nordeste.
A investigação teve início em 2015, quando a Polícia Federal descobriu que já havia mais de 350 requerimentos com solicitações falsas de saques do FGTS. Os principais integrantes do esquema, presos em Pernambuco, reuniam pessoas para a realização das retiradas em nome de terceiros. Eles falsificavam o contrato social e documentos de sócios das empresas, conseguindo emitir o certificado digital delas. Depois cadastravam a firma no aplicativo web do Sistema de Conectividade da Caixa Econômica Federal, banco que realiza os pagamentos de FGTS.
Os integrantes do esquema falsificavam documentos como identidade, carteira de trabalho e o documento da rescisão de contrato em nome dos funcionários supostamente demitidos – já que as pessoas ainda estavam trabalhando. De acordo com a PF, a média dos saques era de R$ 10 mil. Em alguns casos, chegaram a R$ 60 mil. “Se for comprovado que os valores foram resgatados de forma indevida, a Caixa faz o ressarcimento às contas das pessoas prejudicadas”, explicou a delegada Kilma Caminha, responsável pela investigação.
Prisão
A fraude veio à tona ontem, a partir de uma prisão em flagrante, quando uma mulher foi realizar o saque indevido, ficou nervosa e os funcionários da Caixa perceberam que havia algo estranho. Também na manhã de ontem, foram presos no Aeroporto do Recife os irmãos Danilo e Diogo Gonçalves Rosa. Segundo a PF, eles comandavam o esquema. Danilo, 27, é analista de qualidade. Diogo, 27, é eletricista. Os dois são naturais e residentes em São José dos Campos (SP). Também foram presas duas mulheres moradoras do bairro do Ibura.
Os integrantes da organização criminosa responderão pela prática dos crimes de estelionato qualificado cometido em detrimento de entidade de direito público e associação criminosa. Caso sejam condenados, as penas somadas podem chegar a 20 anos de reclusão. Segundo Márcio Tenório, coordenador de execução da Operação Demara, apesar de todas as empresas vítimas do esquema serem de Pernambuco, os saques indevidos também eram realizados em outros estados, como Maranhão e Sergipe.
Espelhos de identidade, impressoras plastificadoras e apetrechos utilizados para a falsificação dos documentos foram encontrados e apreendidos. A PF aguarda mais informações da Caixa Econômica concluir a investigação. O nome da operação vem do norte-americano Ferdinand Waldo Demara Jr, conhecido como O Grande Impostor, que adotou várias identidades falsas e se apresentava como médico, engenheiro civil, vice-xerife, assistente de diretor de prisão, doutor em psicologia aplicada, advogado, editor, pesquisador de câncer e professor, entre outras.