Diario econômico

por Bruna Siqueira Campos
bruna.siqueira@diariodepernambuco.com.br
diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/01/2017 03:00

As fichas na Selic

Os brasileiros apagaram as luzes de 2016, mas vai ser preciso mais do que o banho de sal grosso do réveillon para acabar com a carga pesada deste ano que passou. Embora o recesso parlamentar diminua o barulho em torno de temas prioritários, como a reforma da Previdência, há outros de ordem financeira que não esperam o expediente do Congresso. Um deles é a redução da Selic. Ela preocupa governantes e setor produtivo porque, nos atuais 13,75% ao ano, trava a retomada do crescimento econômico. Em níveis mais modestos com a conjuntura de hoje, ajudaria a tirar o país do buraco. Ontem, o Banco Central divulgou a primeira edição de 2017 do Boletim Focus, sondagem semanal que a autoridade monetária faz com instituições financeiras sobre inflação, juros e PIB. O resultado mostra que o projeto do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de aproximar a inflação do centro da meta (4,5% ao ano), não é apenas crível, como tem o aval do mercado. A expectativa é que o IPCA atinja os 4,87% anuais – e este é o primeiro sinal de que o governo deve avançar mais rapidamente na queda dos juros básicos, a Selic. A taxa de hoje é proibitiva porque continua a inviabilizar o crédito quando já não há incentivo à produção e o consumo estancou com o desemprego. Há margem, enfim, para o Copom ir além dos 0,25 pontos percentuais das últimas reuniões e aumentar o corte. Segundo o Focus, até dezembro a taxa deve ter caído para 10,25% a.a. – o que ainda nos deixa distantes de 2012, quando a Selic chegou a 7,25%. Já a crise fiscal, assunto que fechou o clima entre estados e União antes das férias do Legislativo, é outro tema urgente. Afinal, não é só a saúde das contas públicas que está em jogo. Grande parte do empresariado aguarda um novo Refis para colocar as contas nos trilhos e respirar no ano novo.

Corte no custeio
O prefeito Geraldo Julio manteve o discurso de austeridade, ontem, na posse do secretariado que vai lhe acompanhar no segundo mandato. Criticado durante a campanha por conta da robustez do seu organograma anterior, reduziu o quadro de 24 para 15 secretarias com a promessa de economizar R$ 81 milhões neste ano.

Hecatombe
Em cerimônia no Forte das Cinco Pontas, o socialista classificou de “hecatombe” a situação nacional. “Estamos lutando e superando a crise fiscal. O que, infelizmente, mais de 4 mil municípios não estão conseguindo fazer”, disse.

Ponte com o setor privado
Uma das novidades do novo quadro é o nome do economista Bruno Schwambach, que ficará à frente da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. Herdeiro do grupo Parvi, um dos maiores varejistas de automóveis premium do Brasil, caberá ao secretário fazer a ponte com o empresariado, papel que antes era designado à extinta Secretaria de Empreendedorismo.

Aperto de cintos
O controlador-geral do Estado, Ruy Bezerra, conta que o Hospital dos Servidores e o fornecimento de merenda escolar vão receber atenção extra do Programa de Monitoramento de Gastos (PME) em 2017. Em breve, um novo conjunto de metas deve ser apresentado ao governador Paulo Câmara. A economia com o custeio da máquina, até novembro último, foi de R$ 82 milhões.

Mais prazo
O Ministério da Educação, comandado por Mendonça Filho, começa no dia 9 deste mês a processar as renovações de contratos de universitários que utilizam recursos do Fies. A pasta conseguiu quitar os repasses em atraso com as universidades privadas e informa que dispõe de R$ 21 bilhões para os financiamentos estudantis em 2017.

Azul no Sertão
O diretor de expansões da Azul Linhas Aéreas, Ronaldo Veras, estará hoje em Serra Talhada. Viaja ao Sertão para conhecer o Aeroporto Santa Magalhães, na companhia dos secretários Felipe Carreras (Turismo) e Sebastião Oliveira (Transportes). Há tratativas para se criar uma rota com duas frequências semanais saindo do Recife.

É quase Dubai
O movimento criado na internet para coibir os preços extorsivos no Rio de Janeiro, batizado de Rio , poderia ter uma versão para Fernando de Noronha. Destino turístico de famosos, a ilha cobra caro até para se comer um pão com ovo, que sai pela bagatela de R$ 20. Sem falar nas pousadas familiares, sem conforto, internet ou TV a cabo, cuja diária custa R$ 1 mil na alta temporada.