País fecha 1,3 milhão de vagas Apesar do número negativo, resultado foi inferior ao corte de empregos formais em 2015, que fechou em 1,5 milhão. Estado segue tendência nacional

ANDRÉ CLEMENTE
andre.clemente@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

A crise econômica deu uma trégua em 2016 e começa a dar esse sinal nos postos de trabalho. Não chega ao ponto de trazer previsões das mais otimistas, mas o emprego, que é um excelente indicador da economia, começa a apresentar suspiros. Em 2016, o Brasil perdeu mais de 1,3 milhão de empregos formais, saldo de uma economia que ainda desemprega mais que gera empregos. Apesar do número, o resultado é melhor que o de 2015, quando o país perdeu mais de 1,5 milhão de postos de trabalho. Pernambuco seguiu a lógica nacional e fechou o ano com a perda de mais de 48 mil empregos formais. No geral, a construção civil continua sendo o setor mais impactado proporcionalmente, o que gera reflexos negativos nos demais setores. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

De acordo com o coordenador geral de estatísticas do trabalho do MTE, Mário Magalhães, é notório que a crise que afeta o mercado formal vem perdendo fôlego. “Todos os setores foram afetados no Brasil e apresentaram saldo negativo de empregos. Apesar da sinalização de que a crise esfriou, o problema está em setores como a construção civil e a indústria de transformação. São setores que empregam muito, mas quando desempregam também apresentam números expressivos. O pior é que a construção civil desempregando atinge diretamente a massa salarial da população, o que afeta o comércio, o setor de serviços”, explica.

O ano de 2016 ainda apresentou resultados negativos em todos os setores, embora já com um ritmo menor do que em 2015. Em números relativos, o que menos sofreu nos últimos 12 meses foi o da agricultura, com um fechamento de apenas 0,84% das vagas, seguido pela administração pública, que teve percentual negativo de 0,97%. O comércio e os serviços tiveram perdas de 2,22% e 2,28% respectivamente. O setor que mais sofreu foi o da construção civil, que fechou 13,48% dos postos formais, seguido pelo extrativo mineral (-5,67%) e a indústria da transformação (-4,23%).

Segundo Magalhães, assim como no Brasil, Pernambuco apresentou números expressivos de desligamentos e um segmento da indústria evitou que o tombo fosse ainda maior. “Em 2016, foram mais de 448 mil demissões em Pernambuco e cerca de 400 mil admissões, resultando no saldo negativo de 48 mil postos de trabalho. No setor industrial do estado, mais de 8 mil empregos negativos, na conta de admissões contra demissões. Mas um ponto fora da curva chamou a atenção. O setor de indústria de material de transporte foi o único que apresentou saldo positivo de mais de 2 mil empregados em 2016, resultado da performance do Polo Automotivo”, destaca. “Se não fosse isso, o dado negativo do setor seria muito maior e ia contribuir para o cenário ainda mais adverso dos números do estado”, afirma.

Outra ressalva do coordenador de estatística do trabalho em relação a Pernambuco é a questão da construção civil. “É um segmento que desemprega muito. Foram mais de 2 mil só em dezembro e mais de 12 mil no ano em Pernambuco. É um setor que qualquer desaceleração desemprega muito e atrapalha o pré e o pós-construção, como as vendas de imóveis, as prestações de serviços para a obra e a manutenção das estruturas construídas. O comércio e os serviços têm muita importância econômica para a economia de Pernambuco e a perda de empregos da construção é um baque na massa salarial. Sem consumo não se compra nem imóvel nem nada. O consumo cai todo”, ressalta.