Previdência privada está em alta Icatu Seguros registrou em 2016 um faturamento bruto de R$ 3,4 bilhões, o que significa um incremento de 11% sobre o registrado no ano anterior

Publicação: 24/03/2017 03:00

Alexandre Rands acredita que, "se não houver uma reforma (na Previdência), o problema atual será agravado" (Júlio Jacobina/DP)
Alexandre Rands acredita que, "se não houver uma reforma (na Previdência), o problema atual será agravado"
“A previdência privada chegou ao Brasil para ficar e é uma questão de tempo até que se adeque a todas as coberturas de vida”. A afirmação é do presidente da Icatu Seguros, Luciano Snel, após apresentação de dados de crescimento da empresa em 2016, quando a companhia registrou um faturamento bruto de R$ 3,4 bilhões, representando um aumento de 11% em relação a 2015. O lucro líquido cresceu 23%, chegando a R$ 266 milhões no ano passado. Dentro do negócio, o Nordeste, que hoje representa 5% do mercado de seguro de vida e 8% do mercado de previdência privada do Brasil, é visto como um dos mercados mais promissores.

“Seguro de vida e previdência têm sido os produtos mais demandados e têm apresentado percentual de crescimento mais forte dentro da empresa”, pontuou Snel. Um dos maiores desafios da empresa é incluir, na vida dos brasileiros, o hábito de poupar”, enfatizou. De acordo com o conselheiro do grupo Icatu, Ricardo Flores, a disseminação da cultura do seguro é o boca a boca. “As famílias precisam ter um mínimo de organização financeira para começar a poupar. A penetração começa com cada um de nós, puxando o assunto até mesmo para dentro de casa”, comentou.

O grupo Icatu conta hoje com 1,5 mil funcionários e uma carteira com 5,5 milhões de clientes. As perspectivas para a empresa neste ano são otimistas. “A disseminação da reforma da Previdência e a crise econômica têm forçado as pessoas a refletir cada vez mais sobre o assunto”, ressaltou Luciano Snel, em evento realizado ontem no Recife.

A reforma da Previdência, que está tramitando no Congresso Nacional, foi um dos assuntos discutidos no evento. “Hoje o modelo brasileiro de Previdência Social é insustentável por si só. A reforma vem para ser um primeiro passo. Ela sozinha não será suficiente, porém, é um primeiro passo a se abordar com transparência e para abrir a discussão sobre a necessidade de reformar o modelo adotado atualmente”, disse Snel.

De acordo com o economista e presidente do Diario de Pernambuco e da Datamétrica, Alexandre Rands, a reforma é urgente porque a situação está deteriorando muito rápido. “A população brasileira está envelhecendo de forma acelerada. Se não houver uma reforma, o problema atual será agravado”, alertou, em palestra realizada para executivos convidados pelo grupo Icatu.

Conforme o economista, a Previdência consiste basicamente em um acordo social em que alguns cidadãos transferem recursos para outros, assegurando-os uma renda permanente sob determinadas condições. “A Previdência é um problema entre cidadãos. Se alguém receber mais, alguns outros terão que pagar mais. Esse é essencialmente um jogo de soma zero”, disse.

Sobre o cenário econômico nacional, Rands afirmou que os números já começam a mostrar uma certa melhora. “Claro que qualquer recuperação que venhamos a ter é lenta, mas já vemos alguma reação. As projeções sobre inflação já mostram índices abaixo de 5%. O crédito pode ser uma opção para a retomada, mas a inadimplência ainda está alta, por isso é preciso avançar com algumas reformas. A Previdência é uma delas. Perspectivas temos, mas não vai ser um período fácil”, analisou.