Transposição vai ser retomada Obras serão reiniciadas em trecho essencial para viabilizar o projeto, já que é responsável pela captação de água do rio em Cabrobó, no Sertão

ANDRÉ CLEMENTE
andre.clemente@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/04/2017 03:00

A última pendência de obras civis da Transposição do Rio São Francisco foi resolvida. O primeiro trecho do projeto do Eixo Norte, a meta 1N vai voltar a ter obras na semana que vem, quando será dada a ordem de serviço ao Consórcio Emsa-Siton, vencedor da licitação realizada para dar continuidade ao trabalho feito pela construtora Mendes Júnior, que teve orçamento comprometido depois que entrou na investigação da operação Lava-Jato e teve que abandonar o projeto. O contrato com a nova empresa foi assinado ontem, no valor de R$ 516,84 milhões.

O trecho é essencial porque viabiliza todo o projeto, já que é o responsável pela captação de água do Rio São Francisco, em Cabrobó, em Pernambuco, para que ela percorra os 260 quilômetros de estruturas até o Ceará e termine na Paraíba. Cerca de 4 mil pessoas devem ser contratadas. A nova construtora assume a Meta 1N com 92,32% concluída. No total, a etapa tem 160 quilômetros, incluindo canais, estações de bombeamento e barragens.

Os demais blocos estão mais avançados. A segunda etapa (Meta 2N) está 98,41% concluída (total de 39 quilômetros) e a terceira etapa (Meta 3N) tem 98,06% entregue, de um total de 81 quilômetros. Todo o Eixo Norte tem o mesmo prazo de entrega previsto para dezembro deste ano. De acordo com o Ministério da Integração, os pagamentos dos recursos federais às construtoras são realizados conforme o andamento da obra, após apresentação das medições e apurações mensais de serviços pela equipe técnica do ministério.

Somente com a conclusão da Meta 1N, cerca de 5 milhões de pessoas do Semiárido devem ser atendidas pelas águas do São Francisco. Concluído o Eixo Norte e com as conexões de responsabilidade dos estados, a água deve chegar à Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará. “O Projeto São Francisco é uma prioridade do governo federal tendo em vista a crise hídrica no Nordeste. O Eixo Norte não estava parado. As obras do Eixo Norte são divididas em três etapas. A meta 1N estava em licitação. As metas 2N e 3N estão em fase de conclusão”, explicou Antônio Luitgards Moura, diretor de Projetos Estratégicos do ministério. Moura coordena a equipe técnica de engenheiros e fiscais responsáveis pela execução do empreendimento.

O Eixo Leste, por sua vez, já se encontra em operação plena, com a água percorrendo os 217 quilômetros de projeto. Ao todo, o Eixo Leste vai beneficiar 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios nos estados de Pernambuco e da Paraíba. São canais, seis estações de bombeamento, cinco aquedutos, um túnel, uma adutora e 12 reservatórios. As estruturas de engenharia passam pelos municípios pernambucanos de Floresta, Betânia, Custódia e Sertânia, chegando a Monteiro.

A previsão é atingir, no fim do ano, o objetivo máximo da obra, que é levar água para 12 milhões de pessoas do Semiárido nordestino. Caso seja entregue neste ano, o projeto terá sido entregue cruzando dez anos de obra (2007-2017). A previsão inicial era entregar em 2010. O custo da construção também passou por vários aumentos, passado da previsão inicial de R$ 4,5 bilhões para os atuais R$ 8,2 bilhões.