Ações da JBS têm queda de 31,34% A agência de classificação de risco Moody's rebaixou as notas de crédito da empresa e anunciou possíveis cortes nos próximos dias

Publicação: 23/05/2017 03:00

A indefinição política provocada pelas alegações envolvendo o presidente Michel Temer e pela avaliação de que ele perdeu apoio às reformas voltou a pesar nos mercados ontem. A Bolsa brasileira, que havia esboçado recuperação sexta-feira com a percepção de que os áudios gravados pelo empresário Joesley Batista com Temer não eram conclusivos, voltou a cair. O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, caiu 1,54%, enquanto as ações da JBS derreteram 31,34% e lideraram com folga as quedas.

Profissionais do mercado observaram um movimento grande de stop loss (interrupção de perdas), em meio a incertezas em torno da JBS e dos seus controladores. As ações da empresa caíram 9,68% na quinta-feira, na primeira sessão após as revelações de um de seus donos, Joesley Batista, comprometendo Temer. Mas sexta-feira limitou as perdas, caindo 1,52%. Após o fechamento dos mercados, no entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a abertura de cinco processos administrativos contra o grupo por suspeitas, entre outras coisas, de gestão de informação privilegiada nos mercados de câmbio e de valores e a agência americana de avaliação de risco financeiro Moody’s rebaixou ainda mais a nota creditícia da empresa. Ontem, a Moody’s rebaixou as notas de crédito da JBS no Brasil e nos Estados Unidos e anunciou possíveis cortes nos próximos dias. Segundo a Moody’s, o rebaixamento reflete o “aumento dos riscos relacionados a potenciais litígios futuros, governança da empresa e liquidez.”

Sábado, Temer acusou Joesley de ter cometido “o crime perfeito” porque, consciente do “caos” que geraria sua gravação, obteve ganhos bilionários “em menos de 24 horas”, ao vender ações e comprar dólares antes da queda dos mercados. O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu uma investigação sobre o caso.

Dólar
No mercado cambial, o dólar comercial fechou ontem em alta de 0,64%, subindo para R$ 3,278. O dólar à vista teve avanço de 0,16%, para R$ 3,293. Os mercados brasileiros tiveram outro dia de aumento da percepção de risco, após Temer afirmar que renunciar seria uma admissão de culpa. “À medida em que, com mais essa turbulência política, começa a se materializar uma perspectiva de adiamento das reformas, o mercado passa a rever as expectativas e fica claro que o país está se afastando de um equilíbrio fiscal”, afirma Renan Silva, estrategista-chefe da BullMark, empresa de assessoria financeira. (Da redação com AFP)