Antes  de trabalhar com tecnologia, Everton Cruz, que nasceu Ipiaú, interior da Bahia, foi descoberto por um “olheiro”  na sua cidade e contratado como modelo da Calvin Klein. Aos 13 anos, o empreendedor se mudou para Paris, sem falar uma palavra de francês. Passou frio e meses comendo croissants doces porque não sabia pedir o salgado. Aos 21 anos, recebeu a notícia que seria pai e resolveu voltar ao Brasil. Entrou na faculdade de ciências aeronáuticas, na Bahia, e, assim que se formou, escolheu Pernambuco para viver. Passou por diversas empresas de tecnologia, como a Microsoft, até que, cansado de receber ordens, abriu a Mooh Tech, em 2015. Hoje, com 33 anos, ele acredita que fez a escolha certa ao optar por morar no Recife. Para ele, a cidade tem muito a oferecer do ponto de vista de negócios e qualidade de vida.

“Perdi minha mãe aos 2 anos e meu pai, apesar de analfabeto, era o maior exportador de cacau de Ipiaú. Apesar disso, eu era preguiçoso, até ir para Paris. Com o trabalho de modelo, aprendi o valor de ser independente, de ouvir mais do que falar e também aprendi a ler as pessoas, porque com o obstáculo da língua, apurei minha observação”, afirma. Ele lembra outra empreitada na capital pernambucana, quando, em 2015, assumiu o Roda Café no Recife Antigo. “Acredito muito no Recife, quero contribuir para que a cidade desenvolva seu potencial multicultural. A gente fala muito que o Recife tem cena alternativa, tem uma cena musical aquecida, mas isso é mais prática do que teoria. Ainda é difícil trabalhar na noite”.

Agora, o foco do gestor é a tecnologia. “Quero ajudar a tornar o Recife uma cidade inteligente. Quero ajudar nessa revolução que já está acontecendo. Podemos, sim, ter uma vida melhor através da tecnologia”, comenta. Para quem está começando, o empreendedor tem três dicas valiosas. Não se apegar demais à ideia do negócio; não fazer nenhuma solução para um problema próprio, porque nem sempre isso terá um público real e, por fim, não desistir.