Imagine um aplicativo que permite, através de um chat, a denúncia de um crime feita por moradores de uma região direto para as autoridades locais. Essa ferramenta já existe e está começando a ser implementada em diversas cidades do Brasil, Espanha, França e até na África. Nesse cenário, o destaque é do Recife, primeira capital a ter acesso ao app. Isto porque o Sempre alerta foi criado pela pernambucana Mooh Tech, startup que cresceu 25% em 2016 e pretende fechar 2017 com um incremento de 75%. Testado em Belo Jardim para permitir a troca de informações entre os cidadãos e a polícia local, o aplicativo foi desmembrado e virou o Torcedor alerta, lançado em maio deste ano, numa parceria com a Federação Pernambucana de Futebol (FPF). Em três semanas, já foram 15 mil downloads. Ainda neste ano, a empresa lançará o Metrô seguro no sistema Metrorec, no Recife, e o Sempre alerta São Paulo.

Nesse último, a expectativa dos gestores da startup é atingir meio milhão de downloads até dezembro. “Esse é um dos nosso desafios deste ano porque São Paulo é uma cidade com 12 milhões de habitantes. Queremos uma fatia de, pelo menos, 5% deles. Fizemos um acordo de concessão com a prefeitura da cidade em que a gente cede a ferramenta e eles nos indicam patrocinadores. Cada patrocínio é R$ 450 mil, e são empresas que ficarão marcadas no app”, explica Everton Cruz, um dos sócios da empresa junto com Henrique Mafra. Segundo Cruz, o projeto está em fase de negociação também com alguns cidades da Espanha, como Madri, além de França, Nigéria e Angola. Em Pernambuco, onde a empresa está sediada, a parceria com o governo do estado e Prefeitura do Recife está paralisada, segundo a Mooh Tech, por falta de verba.

Em Pernambuco, a empresa está em conversas avançadas com a Prefeitura de Toritama, assim como está fechando contratos em Campinas e São José dos Campos, ambas no interior de São Paulo, e Natal, no Rio Grande do Norte.

A Mooh Tech também está buscando parceiros para lançar outro produto, o Alerta mulher. Basicamente, a mulher que tiver os dados registrados em alguma ocorrência pela Lei Maria da Penha recebe automaticamente acesso ao sistema de alarme de emergência. Uma vez ativado, a central de controle recebe o chamado em posição de destaque, com a localização, dados da vítima, dados do agressor registrado nas ocorrências e outras informações. No teste do Sempre alerta em Belo Jardim, por exemplo, o caso mais complexo resolvido com a ajuda do aplicativo foi justamente um estupro (além de roubos de bicicletas e celulares que também foram solucionados com o app).

“Estamos buscando firmar convênio com cidades, programas governamentais ou empresas, mas o produto está pronto”, relata Cruz. Ele diz que está otimista com os próximos meses, uma vez que a empresa cresceu 45% no primeiro trimestre deste ano em relação a 2016. Além das parcerias, a Mooh Tech também ganha dinheiro através de propagandas direcionadas aos usuários dos aplicativos, a chamada publicidade indoor. Criada no Recife em 2015, a startup  nunca precisou ser “pivotada” (mudança de produto). O investimento inicial foi de R$ 500 mil, dinheiro aportado pelos sócios, e já recebeu recursos de fundos investidores internacionais. O foco do empreendimento são softwares de segurança para SmartCities (Cidades Inteligentes), lugares onde a prefeitura, em parceria com a população e a polícia, manterá redes integradas de comunicação. O donwload dos programas é gratuito.