Da cesta básica a Madonna e Beckham

Publicação: 12/08/2017 03:00

Antes de serem usadas por Madonna, David Beckham e Kim Kardashian e de a H. Stern personalizar uma versão em ouro por US$ 18 mil, as Havaianas eram sandálias usadas pelas camadas mais pobres da sociedade. Nos anos 1980, o governo chegou a incluí-las na lista de produtos com preços controlados.
Criada pelas Alpargatas, fundada em 1907 pelo escocês Robert Fraser em São Paulo, a sandália tinha originalmente sola branca e tiras azuis. Em 1969, um operário pintou por engano algumas tiras de verde e, surpreendentemente, a série foi um sucesso. Foi assim que as Havaianas começaram a produzir tiras de outras cores e, a partir dos anos 1990, modelos monocromáticos e uma ampla variedade estampas e acabamentos.
Seu sucesso foi avassalador. A marca estima que dois em cada três brasileiros compram em média um par de Havaianas por ano e calcula que com todas as sandálias vendidas se poderia dar 62 voltas na Terra. Ainda é cedo para saber os impactos dessa mudança no controle da empresa. Pouco mudou quando a J&F comprou Alpargatas em circunstâncias ironicamente parecidas há dois anos do grupo Camargo Corrêa, que também optou pela venda depois de ser alvo da Operação Lava-Jato.
Os novos proprietários adiantaram que querem potencializar sua expansão nos EUA e que manterão, por enquanto, a atual direção. “É bom que uma marca como essa continue sendo de um grupo de brasileiros. O perigo é que eles olhem o negócio meramente (de modo) financeiro e não mercadologicamente. Se eles não perderem a identidade e souberem manejar com efeito, eles vão ter o retorno”, acrescenta Cláudio Goldberg, professor do MBA de Marketing da Fundação Getulio Vargas.