Itaipu e Eletronuclear ficam de fora do programa

Publicação: 23/08/2017 03:00

O governo descartou incluir a Eletronuclear e a Usina Hidrelétrica de Itaipu no processo de desestatização da Eletrobras. No caso da empresa responsável pelas usinas nucleares brasileiras, o motivo é uma questão constitucional e, no caso de Itaipu, por se tratar de usina binacional, depende de acerto com o Paraguai. A informação foi dada na entrevista coletiva de ontem dada pelo Ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho.

“Está escrito na Constituição que quem tem de ser o controlador (das usinas nucleares) é a União. A ideia não é ferir a Constituição. Já Itaipu será analisada em função dos acordos bilaterais com o Paraguai”, explicou o ministro. A expectativa é de que, controlada pela iniciativa privada, a Eletrobras favoreça, a médio prazo, uma tarifa tarifária mais barata. “Com a eficiência e redução do custo, nossa estimativa é de que no médio prazo tenhamos uma conta de energia mais barata”, afirmou.

Cabide de emprego

Ontem, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), comemorou a notícia da privatização da Eletrobras. Maia classificou a decisão do governo Michel Temer de “histórica” e disse que não importa se a gestão da empresa é pública ou privada. “O governo brasileiro precisa existir para atender as pessoas que precisam do governo. A decisão da Eletrobras vai nessa linha, não tem nenhuma necessidade do governo de ter o controle e a gestão da Eletrobras. O mais importante não é saber se a gestão é pública ou privada, é saber se o cidadão na ponta está sendo atendido’, afirmou.

Para o site de notícia G1, Maia afirmou que as empresas públicas, para ele, “não servem para nada” e são “cabides de emprego”. Ele aproveitou para atacar a ex-presidente Dilma Rousseff, que criticou a decisão do Palácio do Planalto. Na opinião da petista, a privatização ameaça a segurança energética do país. “A gente viu nos últimos tempos, no governo da presidente Dilma, que o controle dessas empresas foi desastroso. A declaração da (ex-)presidente me dá muito conforto na decisão de privatizar. Se na opinião dela há um risco para o setor de energia, eu digo o contrário.”

Segundo Dilma, “vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o país sujeito a apagões”, disse, em sua conta no Twitter. Dilma, que chegou a ser ministra de Minas e Energia entre 2003 e 2005 durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula, disse ainda que o resultado da privatização da Eletrobras “é um só: o consumidor vai pagar uma conta de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido”. (Da redação com agências)