Subemprego dispara no segundo trimestre Apesar de leve recuperação, mercado de trabalho ainda reflete a crise econômica brasileira

Publicação: 18/08/2017 03:00

O mercado de trabalho deu sinais de melhora no segundo trimestre, porém puxado pelo aumento do subemprego. A taxa de subocupação cresceu 11,5% dos primeiros três meses do ano para o segundo trimestre, passando de 5,2 milhões para 5,8 milhões de trabalhadores, informou o IBGE. Entram nessa categoria as vagas com jornada inferior a 40 horas semanais, atingindo pessoas que trabalham menos horas do que gostariam, por exemplo. Os dados constam da pesquisa ampliada da Pnad Contínua, divulgada ontem.

A taxa de desemprego no Brasil registrou, no segundo trimestre, a primeira queda desde o final de 2014. O total da população desocupada, que são desempregados em busca de oportunidade, somou 13,5 milhões de pessoas, queda de 4,9%. No período, o total de empregados formais permaneceu praticamente estável (recuo de 0,2%), enquanto o número de trabalhadores sem carteira assinada cresceu 4,3% e atingiu 10,6 milhões de pessoas.

“Em um primeiro momento, a saída da crise se dá pela criação de vagas informais. Essas tem uma qualidade menor no emprego, e a subocupação é uma delas”, afirmou o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. Ao todo, o contingente da força de trabalho subutilizada, que inclui desempregados, subocupados e a força de trabalho potencial, chegou a 26,3 milhões de pessoas no segundo trimestre. No primeiro trimestre esse grupo era ainda maior e havia somado quase 26,5 milhões de pessoas. “São essas pessoas que poderiam estar no mercado de trabalho de forma adequada mas não estão”, destacou Cimar Azeredo.

Cerca de 38,5% dos desempregados no segundo trimestre estavam procurando trabalho havia mais de um ano, segundo a Pnad. Isso quer dizer que dos 13,5 milhões de desempregados no país, 5,2 milhões de pessoas estavam na fila da desocupação por esse longo período. Quanto mais a crise econômica se prolonga, mais tempo o trabalhador fica na fila da desocupação, frisou Cimar Azeredo. No primeiro trimestre deste ano, esse contingente somava cerca de 5,3 milhões de pessoas dos 13,4 milhões de desempregados no país, o equivalente a 39,6% da população desocupada naquele período.

Crise econômica

A crise que atinge a economia brasileira está por trás das dificuldades ainda apresentadas pelo mercado de trabalho brasileiro, segundo avaliação de de Cimar Azeredo. Segundo o pesquisador, as notícias sobre a crise e sobre a dificuldade de arrumar um emprego provocam um aumento no desalento. “Isso acaba gerando desalento nas pessoas, que decidem que não vão procurar porque acreditam que não vão encontrar”, disse ele.

Essa crise no mercado de trabalho tem afetado especialmente os trabalhadores do sexo masculino, apontou Azeredo. “O fato de a crise ser muito forte afeta principalmente a população adulta e homens, que normalmente são arrimo de família”, explicou. Com as demissões atingindo mais os homens, aumentou a proporção de mulheres empregadas no mercado de trabalho. Ainda havia mais mulheres (50,8%) do que homens na população desocupada (49,2%) no segundo trimestre de 2017, mas essa diferença já foi de 11 pontos porcentuais, no primeiro trimestre de 2012, quando a pesquisa teve início. (Da redação com agências)

Pnad/resultados

Por gênero

Mulheres

A taxa de desocupação caiu de 15,8% para 14,9% entre os três primeiros meses do ano e o segundo trimestre

Homens
A taxa de desocupação caiu de 12,1% para 11,5% entre os três primeiros meses do ano e o segundo trimestre

Por idade

Trabalhadores entre 18 e 24 anos
A taxa de desemprego caiu de 28,8% para 27,3%

Trabalhadores entre 25 e 39 anos
A taxa de desemprego caiu de 12,8% para 12%

Trabalhadores de 40 a 59 anos
A taxa de desemprego caiu de 7,9% para 7,6%

Trabalhadores com mais de 60 anos
A taxa de desemprego caiu de 4,6% para 4,5%

Por região

Nordeste

Pior cenário: taxa cai de 16,3% para 15,8% (3,9 milhões de pessoas procurando emprego)

Sudeste
Desemprego cai de 14,2% para 13,6%

Sul
Desemprego cai de 9,3% para 8,4%

Centro-Oeste
Desemprego cai de 12% para 10,6%

Norte
Desemprego cai de 14,2% para 12,5%

Por estados (desemprego caiu em 11 das 27 unidades da Federação)

Pernambuco
Maior taxa: 18,8%

767 mil de desempregados

Santa Catarina
Menor índice: 7,5%
283 mil pessoas na fila da desocupação

São Paulo
13,5%
3,3 milhões de desempregados

Fonte: IBGE