Estado terá fábrica de munição Investimento inicial será de R$ 58 milhões. A unidade poderá ser implantada na Zona da Mata pernambucana ou na Região Metropolitana do Recife

THATIANA PIMENTEL
thatiana.pimentel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 16/12/2017 03:00

A Região Metropolitana do Recife (RMR) e a Zona da Mata de Pernambuco são as duas áreas que estão sendo analisadas pela empresa suíça Ruag para abrigar a primeira fábrica de munição internacional no Brasil. O espaço procurado pelo empreendimento deve ter um galpão, que será adaptado para o uso inicial da empresa, e um terreno, onde será construída a fábrica. A condição de buscar uma estrutura pronta está relacionada à pretensão da Ruag de começar a comercializar a munição produzida em terras pernambucanas já em 2018. O investimento necessário para dar o start na operação é de R$ 58 milhões, valor que pode chegar a R$ 250 milhões nos próximos anos, a depender da expansão da demanda.

Ao todo, serão geradas 40 vagas de trabalho. O número é considerado baixo, mas os cargos exigirão qualificações altas e representarão salários altos. O protocolo de autorização da instalação da fábrica foi assinado nessa sexta-feira na presença do governador Paulo Câmara, do ministro da Defesa, Raul Jungmann, e do presidente internacional da Ruag, Christoph M. Eisenhardt. A produção deve chegar a um volume de 20 mil toneladas por ano e um faturamento de U$ 10 milhões nos primeiros doze meses.

Além das Forças Armadas e das corporações policiais brasileiras, a produção da planta pernambucana também será exportada para os Estados Unidos, daí o interesse da Ruag por uma área próxima a Suape. “Nossa prioridade é ficar próximos ao porto, mas estamos avaliando áreas com estrutura adequada para iniciarmos a produção o mais rápido possível. Temos muitas máquinas de alto valor para instalar. É uma fabricação extremamente automatizada”, disse Maria Vasconcelos, CEO da Ruag no Brasil.

A representante da empresa suíça afirma ainda que, no médio prazo, a marca poderá trabalhar também com outras áreas, como aeroespacial e cybersegurança. “Sabemos que Pernambuco está bem preparado para fornecer mão de obra adequada com o apoio do Cesar, do Porto Digital e das universidades instaladas aqui”, disse. Maria ressaltou que durante todo o processo de implantação da fábrica haverá um intensivo treinamento dos funcionários selecionados. “Para essa indústria, não existe mão de obra qualificada, principalmente no Nordeste, pois não existe nenhuma fábrica do tipo aqui, então sabemos que vamos precisar nos dedicar ao treinamento dos nossos funcionários.”

O ministro Raul Jungmann aproveitou a assinatura do protocolo e anunciou que a Sudene aprovou, na última quinta-feira, a inclusão da indústria de defesa brasileira nas áreas com prioridade de recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Agora, a empresa terá acesso a uma linha de crédito específica do Banco do Nordeste com subsídios federais, logo, com juros abaixo do mercado. “Com essa linha de crédito especifica poderemos ter novas empresas ligadas à indústria da defesa trabalhando em Pernambuco, formando um polo de defesa no estado, o que significa mais emprego e renda”, comentou.

Para o governador Paulo Câmara, a instalação da fábrica confirma o momento de recuperação econômica do estado. “No primeiro semestre, nosso PIB cresceu 2,3%, contrariando o comportamento nacional. Acredito que em 2018 vamos ser o estado que mais vai sentir a retomada da economia.” Vale ressaltar que a escolha de Pernambuco é reflexo direto da política de isenção fiscal do estado através do Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe). No caso da Ruag, a depender da cidade escolhida, o desconto no ICMS poderá chegar a 95%.