Reflexos não foram só de alimentos

Publicação: 11/01/2018 03:00

Em carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, justificou que a inflação oficial do ano passado ficou abaixo do piso da meta principalmente por conta da forte queda no preço dos alimentos. Mas Goldfajn alegou que a desinflação no ano passado atingiu diversos segmentos da economia, e não apenas os alimentos, principal fator para a queda do índice.

No texto, divulgado ontem, Goldfajn afirma que o choque dos alimentos representou 83,9% do desvio do IPCA verificado em 2017,que foi de 2,95%, em relação ao piso da meta para o ano, de 3%. O objetivo para 2017 era de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

O texto lembrou que a queda de preços do grupo “alimentação no domicílio” foi de 4,85% no ano passado, a maior deflação da série histórica do IPCA. Se esse grupo for excluído dos dados, a inflação chegaria a 4,54%, “valor muito próximo à meta de inflação para 2017”.

“Depois de atingir pico de 10,71% em janeiro de 2016, a inflação do IPCA acumulada em 12 meses entrou em trajetória declinante. O processo de desinflação tem sido amplo, envolvendo diferentes segmentos, embora acentuado pela redução dos preços de alimentos”, afirmou Goldfajn, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Segundo o presidente do BC, os preços dos serviços, que tradicionalmente apresentavam variações expressivas, também arrefeceram de forma significativa. Ele apontou que, entre 2011 e 2015, a inflação do setor esteve na maior parte do tempo acima de 8,0%, mas recuou para 6,48% em 2016 e 4,53% em 2017. Goldfajn também destacou que a inflação dos produtos industriais também seguiu trajetória descendente, de 6,22% em 2015 para 4,69% em 2016 e 1,03% no ano passado. (AE e Folhapress)