A mobilização dos deputados de oposição na Câmara forçou o governo a retirar ontem da pauta a Medida Provisória 814, que trata de alterações no setor elétrico que inclui a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias, entre elas a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf).  Além dos parlamentares, o projeto também tinha a rejeição dos governadores do Nordeste e de Minas Gerais. Na última sexta-feira, em reunião no Recife, os gestores demonstraram unidade para lutar contra a venda da companhia.

Apesar da vitória da Medida Provisória, o deputado Danilo Cabral (PSB) defende a manutenção da mobilização e das campanhas de esclarecimento sobre os prejuízos da venda para a população. Durante o debate da venda da companhia, o parlamentar apresentou emendas em defesa da Chesf ao relator do projeto, deputado José Aleluia (DEM/BA), além de sugerir que a proposta de privatização passe por consulta de referendo popular.

Na avaliação dele, o arquivamento da Medida Provisória é um sintoma de que o governo está entregando os pontos no debate da privatização do setor energético. “Essa é a primeira batalha que a oposição vence no sentido de preservar a Eletrobras como uma empresa pública. Mas vamos continuar mobilizados”, garantiu.

Ele acrescentou, ainda, que apesar do projeto de lei 9463 (que trata da privatização da Eletrobras) estar em tramitação na Câmara, o sentimento no plenário da Casa é que o governo não vai mais levar adiante o debate da privatização da empresa. “Acho que isso é uma vitória da mobilização da sociedade, dos trabalhadores e política e sobretudo  da sociedade que compreendeu que a venda da Eletrobras prejudica a população”, frisou Danilo Cabral.

Ontem, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB/PE) entrou com ação na Justiça para cancelar o edital de licitação do BNDES que busca contratar empresa para realizar o estudo de modelo para privatização da Eletrobras.  A ação popular foi protocolada no Rio de Janeiro.