Paralisação nas estradas já afeta fábricas no país

Publicação: 23/05/2018 03:00

O protesto dos caminhoneiros contra os aumentos no preço do óleo diesel, pelo segundo dia consecutivo, começou a ter reflexos mais fortes na economia. Sem componentes, fabricantes de automóveis anunciaram paralisação da produção em algumas fábricas. O acesso aos portos está prejudicado, afetando exportações e importações. Também já há problemas para o escoamento da safra de soja.

Ontem, segundo a Polícia Rodoviária Federal, a paralisação atingiu 23 estados e o Distrito Federal, mais que no primeiro dia. A unidade da Federação com maior número de interdições em rodovias federais era Minas Gerais, com 35, seguido do Rio Grande do Sul, com 33. O número de estados afetados é o mesmo anunciado pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que coordena os protestos.

A falta de peças entregues por caminhoneiros levou várias montadoras a suspenderem a produção. Ontem, ficaram paradas as fábricas da Ford em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da General Motors em Gravataí (RS). Na unidade da GM de São Caetano do Sul (SP), o segundo turno de trabalho, que começaria às 16h, foi suspenso, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local. O mesmo ocorreu nas linhas de produção da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) no segundo e no terceiro turnos (tarde e noite).

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, “há um grande risco de ter paralisação generalizada nas montadoras, se a greve prosseguir”.

Quem também anunciou paralisação de fábricas foi a Cooperativa Central Aurora Alimentos. Segundo a empresa, sem os insumos necessários ao funcionamento das unidades, sete indústrias de aves e oito de suínos iriam parar a produção. Os cálculos divulgados pela Aurora eram de perdas de R$ 50 milhões em toda a cadeia produtiva ligada à companhia.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), havia outras fábricas paradas, mas não citou os nomes das empresas. E, de acordo com o vice-presidente de Mercados da associação, se o movimento continuar, como prometeram ontem os caminhoneiros, mais unidades devem parar. No Aeroporto de Brasília, a concessionária Inframerica informou que o combustível para aeronaves estava contingenciado ontem. (Da Agência Estado)