Reação pernambucana a modelo de privatização Diante do ministro dos Transportes, deputados questionam concessão do Aeroporto do Recife

Publicação: 17/05/2018 03:00

Deputados de Pernambuco criticaram ontem a modelagem de concessão do Aeroporto Internacional do Recife/Gilberto Freyre. O modelo de privatização foi debatido em audiência pública na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados com a participação, pela primeira vez, do ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Silveira.

Para a bancada pernambucana, o atual modelo de privatização do terminal recifense, em lote, junto com os aeroportos de Maceió, Aracaju, Campina Grande, João Pessoa e Juazeiro do Norte, prejudica o principal terminal pernambucano, que transportou, no ano passado, quase oito milhões de passageiros.

A privatização dos terminais foi anunciada em agosto do ano passado pelo governo como parte do Programa de Parceria de Investimento (PPI). A intenção do Governo é conceder 13 terminais por um prazo de 30 anos.

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) questionou o valor de R$ 834 milhões previsto para investimento, em 30 anos, para o Aeroporto do Recife, menor que os cerca de R$ 3 bilhões para o terminal de Salvador. “Não sou contra as privatizações, mas contra esse modelo. O nosso aeroporto atingiu maior volume de passageiros que Salvador e vai receber três vezes menos recursos que o terminal baiano. Isso prova que o modelo nos prejudica”, disse o deputado, prometendo entrar com ações judiciais para impedir que a licitação do aeroporto seja feita em bloco.

O ministro Casimiro Silveira disse que o atual modelo foi pensado com base na segurança jurídica e em “condições de financiamento sustentáveis”. Ele comparou o modelo com outros terminais, como Viracopos (SP) e Galeão (RJ), que passam por dificuldades, e disse que a proposta do governo tem alto grau de maturidade.

Segundo o ministro, a ideia é viabilizar os investimentos nos terminais de menor porte. “A gente não está tirando nada do aeroporto de Recife. Toda a necessidade de investimento em Recife será feita. O que estamos dizendo é que o recurso que iria para o caixa do governo como pagamento da outorga vai ser aplicado diretamente em outros aeroportos”, afirmou Silveira.

“Afirmar que Pernambuco está sendo beneficiado com a privatização em lotes é não acreditar na inteligência dos pernambucanos. Como uma empresa vai querer um lote com aeroportos como o de João Pessoa e Campina Grande, que deram um prejuízo de R$ 15 milhões em 2017? Se é tão bom, por que não fizeram antes? Por que justo com Recife?”,  questionou Carreras, concluindo: “Estamos sendo discriminados, algo que o pernambucano não concorda e nunca concordará”. (Da redação com Agência Brasil)