Resistência à venda da refinaria Trabalhadores fizeram ato, ontem, em Suape, em um movimento preliminar à greve que vai ocorrer devido à privatização

Aline Moura
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Publicação: 22/05/2018 09:00

Cerca de 500 trabalhadores participaram, ontem, de uma paralisação promovida pelo Macrossetor da Indústria da Central Única dos Trabalhadores, formada por petroleiros, químicos, metalúrgicos e pelos setores têxtil e bebidas. O ato foi realizado das 6h às 9h, em frente à Refinaria Abreu e Lima, no município de Ipojuca, e teve o objetivo de preparar a categoria para a greve que será deflagrada em breve. No local, os participantes fizeram discursos, promoveram um adesivaço e pararam ônibus que se dirigiam à Transpetro. A greve – ainda sem data definida – também vai adotar a bandeira de redução do preço dos combustíveis e do diesel, para casar com o movimento organizado pelos caminhoneiros e que parou a BR-101 ontem pela manhã. A refinaria é responsável pela produção de 30% de diesel S-10 no Brasil, processa 100 mil barris de petróleo por dia, mas o governo federal deseja privatizá-la.

Segundo o coordenador do Sindicato dos Petroleiros em Pernambuco e na Paraíba (Sindipetro-PE/PB), Rogério Almeida, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) vai convocar uma audiência para discutir o assunto na Assembleia Legislativa e, na próxima quinta-feira, às 19h, haverá uma reunião semelhante na Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho. Ele explica que a privatização atinge direta e indiretamente 1,6 mil trabalhadores do estado (próprios e terceirizados).

“A privatização acaba com a Petrobras em Pernambuco. A gente não sabe como ficam os destinos dos trabalhadores nas mãos de uma empresa privada. E não sabemos qual o impacto ambiental que futuras ações podem ter em Porto de Galinhas, por exemplo, se elas não forem monitoradas pela Petrobras”.

Para Almeida, uma das estratégias usadas para privatizar o setor naval pernambucano é esvaziá-lo. “O governo reduziu a carga da refinaria a menos de 70% e está importando combustível. A gente tem a refinaria e não está refinando”, criticou, ressaltando que, no Nordeste, 2,9 mil empregados podem ser prejudicados com as privatizações.

De acordo com o presidente da CUT, Carlos Veras, a Rnest, como é conhecida, faz parte do pacote de privatização que atinge as refinarias de Pernambuco e da Bahia, além de dutos e terminais dos dois portos estaduais. Ele frisa que a Petrobras ficará com 40% desses ativos, enquanto os outros 60% serão transferidos para o setor privado, assim como o controle das operações.

Carlos Veras diz não haver justificativas para privatizar, porque Suape registrou, em 2017, um crescimento de 55% por causa dos combustíveis e outros derivados de petróleo em relação ao ano de 2013, antes do início da operação. Até o final de 2017, o Porto de Suape alcançou uma marca recorde de 23,6 milhões de toneladas operadas e ficou na liderança nacional da movimentação de graneis líquidos.