Para reforçar a aliança do Mercosul com a UE Após declarações sobre ruptura, Temer disse que junção com a União Europeia não deve ser abandonada

Publicação: 19/06/2018 03:00

O presidente da República, Michel Temer, afirmou ontem que o Mercosul deve manter as negociações com a União Europeia pelo acordo de livre-comércio. Apesar de ter citado negociações externas, Temer não mencionou a China em nenhum momento de sua fala na reunião de cúpula do bloco. “Acho que não devemos abandonar a ideia da aliança da União Europeia com o Mercosul. Nosso trabalho há de ser cada vez mais de abertura com o mundo. Fechar esta porta significa impedir o caminho das negociações”, disse, em encontro com líderes do bloco econômico, em Assunção, no Paraguai.

Segundo fontes, Temer deu ênfase ao assunto porque os europeus interpretaram mal a fala do chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, no domingo, que defendeu uma negociação comercial ampla com a China. Com apoio do chanceler da Argentina, Jorge Faurie, Novoa disse que sente que as negociações com a UE estariam próximas de uma ruptura.

A reunião do Mercosul, ontem, marca justamente a transferência da presidência pro tempore do Paraguai para o Uruguai. Por isso, de acordo com aliados de Temer, houve receio de que o acordo com a UE pudesse perder intensidade nos próximos meses.

Durante a reunião de cúpula do Mercosul, na manhã de ontem, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, reforçou a fala do chanceler e reclamou da demora na finalização das negociações com a UE, que já duram mais de 20 anos. Em resposta ao presidente do Uruguai, o presidente Temer afirmou que as coisas “não se resolvem de um dia para o outro, nem de um ano para o outro”. “Por muito tempo, trabalhamos no acordo com a UE, mas penso que acentuamos nossas negociações apenas nos últimos anos. Não é por acaso que negociações avançaram enormemente nos últimos tempos”, continuou.

Temer disse ainda que o Mercosul tem por objetivo “melhorar a abertura no lugar de se fechar em si mesmo”. A vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, seguiu uma linha parecida com a de Temer, defendeu o acordo com a UE e também não mencionou um possível entendimento com a China.

RUPTURA
No domingo, na reunião preparatória para o encontro dos presidentes do Mercosul, Novoa defendeu que o bloco deveria “determinar prioridades reais de negociações”, destacando um possível entendimento com a China. “Não podemos perder as esperanças, mas sentimos que estamos próximos de presenciar uma ruptura”, disse Novoa. sobre o acordo com a UE. Em tom de ultimato, ele afirmou que a União Europeia precisa demonstrar “uma vontade real de concluir essa negociação”.