Análise setorial

por Diogo Galvão Leite de Moura
Professor de Gestão Empresarial do Cedepe
diogo.moura@cedepe.com.br

Publicação: 14/07/2018 03:00

Empresa familiar, cultura e sucessão

Constata-se facilmente que os negócios familiares são responsáveis por uma movimentação significativa da economia mundial. Logo, sem dúvida alguma é importante estimular o desenvolvimento, o crescimento e a sobrevivência destas empresas. No entanto, a complexidade de um empreendimento familiar que atravessa gerações ou tem porte cada vez maior, conduz a processos decisórios mais complicados, exigindo técnicas de gestão eficientes que sejam capazes de gerar maior competitividade. Para sobreviver é preciso investir numa excelente formação e um planejamento cuidadoso, inclusive das futuras gerações que assumirão a condução do negócio.

Em tese parece um caminho fácil, porém, em um negócio familiar, cujas relações internas assumem vieses técnicos e psicológicos tão grandes quanto o universo particular de cada “dono”, “parente” e funcionário, seguir por uma trilha planejada não é simples. Quando a comunicação não é efetiva e os processos não estão alinhados de maneira clara, há muitas variáveis que podem prejudicar a condução do negócio e a assunção de um caminho anteriormente desenhado. Na prática, quando a empresa cresce ou amadurece, surge também a necessidade de conduzi-la para uma transição de cultura que é, na maioria das vezes, eminentemente familiar, para outros modelos, que sejam representados pela inovação, competitividade ou controle. Numa sucessão este cuidado é capital.

Desta forma, estimular a capacidade criativa do seu grupo, criar modelos de maior competitividade e desenvolver controles internos que gerem mais segurança e transparência podem representar uma maior aderência ao mercado e uma gestão mais eficiente e alinhada a um novo mundo competitivo e conectado. Pode-se perceber, por exemplo, que numa sucessão familiar, se faz necessário adotar estes novos modelos de gestão, que agregarão, por conseguinte, novas competências.

Deve-se preservar o melhor do modelo familiar e se adaptar a um novo mundo com linhas mais complexas. Na prática, as empresas precisam realizar um diagnóstico para entender seu posicionamento e pensar em mudanças passíveis de serem realizadas. Enfim, além de todas as preocupações e dilemas que envolvem a gestão de uma sucessão familiar, que vão desde a passagem do bastão de uma geração para a outra, até a condução de todos envolvidos neste processo e a criação de um plano de sucessão que contemple as mais variadas possibilidades, preparar uma liderança que possa compreender e gerir a mudança de forma efetiva se faz condição essencial para um caminho menos tortuoso e mais bem-sucedido. É possível ter sucesso na gestão de uma sucessão desde que haja planejamento e uma leitura de cenário interno e externo coerente e eficiente. A sucessão precisa fazer parte dos planos de gestão destes negócios.