PERFIL EMPREENDEDOR » Bergue Júnior: receita de um bolo de sucesso No comando da Sabor da Casa, que produz uma tonelada de bolo de rolo por dia, ele é um case de empreendedorismo nato

Etiene Ramos (texto)
dpempresas@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 29/06/2019 09:00

Quando uma pessoa nasce para ser empresário nenhum obstáculo vai ser grande o bastante para mudar o destino. Gutembergue Alves de Santana Júnior, de 31 anos, fundador da Sabor da Casa, marca que fabrica uma tonelada de bolo de rolo por dia, é uma destas pessoas. A percepção das oportunidades e a decisão de mover céus e terra para concretizar seus objetivos acompanham o porte deste recifense, de 2.01 m de altura, em suas empreitadas.

Há cinco anos, ele abriu a empresa com um sócio que saiu depois de um ano. Restaram R$ 300 mil em dívidas com fornecedores, impostos e a certeza de que era preciso tocar o negócio. Conversando com quase dez credores ao mesmo tempo, Bergue, como prefere ser chamado, disse que queria quitar tudo, mas precisava da confiança deles para não fechar a empresa. Com seis meses as dívidas foram sanadas e o empresário abandonou a ideia de procurar emprego. Ele queria criar empregos. Hoje são 34 na fábrica, 19 na cafeteria Sabor da Casa, 12 nos quiosques do Aeroporto Internacional do Recife, e 25 nas lojas dos aeroportos de Aracaju, Salvador, Natal, Fortaleza e João Pessoa.

Não houve muito tempo para planejar, questionar e decidir. “Empreender é se lançar num precipício e construir um avião durante a queda”, costuma repetir o empresário, com a experiência de quem preferiu ignorar o risco de perder o impulso da decolagem.  Ganhando altura, ele não para de traçar novos voos, sustentando a meta de ter pelo menos uma loja da Sabor da Casa em cada capital brasileira.

O modelo de franquia, que começa com quiosques de 6 metros quadrados, a partir de R$ 80 mil, e pode faturar entre R$ 100 mil e 120 mil por mês, é um dos caminhos para chegar lá e ir ainda mais longe. Bergue já está estudando com advogados a entrada no mercada americano, possivelmente pela Flórida. “Existe um boom econômico nos Estados Unidos, onde os custos são mais baixos e a logística de distribuição para outros países é bem melhor que a nossa”, explica, demonstrando que só precisa de um portão para ganhar o mundo.

Enquanto os americanos esperam para conhecer o Sabor da Casa, o bolo de rolo vai ficando cada dia mais acessível a quem está no Brasil. As vendas virtuais, em soft opening, já começaram no https://sabordacasa.net/produtos e a campanha do e-commerce será lançada em julho. “Vamos ser a única fábrica de bolo de rolo de Pernambuco a vender na internet”, comemora.
 
Para dar certo
Uma das novas iniciativas de Bergue é a abertura do Instituto Begs, palavra formada pelas iniciais dos amigos Bruno, Élvison, Gutembergue e Samuel - o advogado e vereador do Recife Samuel Salazar. Juntos eles estão dando apoio e incentivando empreendedores que passam por dificuldades.

Fazem palestras de empreendedorismo nas empresas e prestam orientação jurídica com o objetivo de mostrar que para tudo tem jeito. “Nós não somos preparados para perder. Os pais têm que dizer ao filho que às vezes ele vai perder mas também vai aprender a superar”, afirma. O importante, ressalta, é sair do lugar que inibe sua visão para encontrar soluções. “Dívida se paga, se reinventa”, atesta.

Na escalada de altos e baixos, o empresário teve pouca ajuda, mas lembra que contou com o BNB que emprestou R$ 700 mil como parte do pagamento do imóvel onde hoje funciona a Sabor da Casa, no bairro da Guabiraba, no Recife. “Quem quer empreender não pode perder a esperança. Mesmo sabendo que a política afeta as pessoas, os negócios, a gente tem que acreditar. Eu construí na crise, paguei dívida e cresci na crise”, declara.

Para isso, Bergue adotou uma rotina espartana. Até hoje é sempre o primeiro a chegar na empresa e o último a sair. “Quem faz o que gosta vive de férias”, diz, distribuindo animação na equpe. Nela, estão a esposa e diretora financeira, Jamille Santana, e antigos companheiros do Exército, formando um batalhão de colaboradores que ele faz questão de chamar de amigos.