Calor e entressafra encarecem hortifruti Preço dos alimentos vem subindo a cada mês, com destaque para as frutas e verduras. A inflação do setor subiu 0,46% neste mês de março

Thatiany Lucena

Publicação: 29/03/2024 03:00

O aumento no preço dos alimentos segue pesando no bolso do consumidor recifense. De acordo com o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA -15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Recife registrou alta de 0,46% nos produtos e serviços em março deste ano. O grande responsável por esse aumento foi o grupo de Alimentação e Bebidas, que subiu 1,31% neste mês. Entre as principais causas, estão a entressafra e o calor intenso.

Em um comparativo anual realizado pelo Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE) neste mês de março, as hortaliças que mais tiveram alta, em relação aos preços apresentados no mesmo período, em 2023, foram chuchu (566,67%), coentro (340%), cebolinha (233,33%), alface (212,50%), tomate (183,33%), abóbora (175%), pimentão (144,44%) e a cebola (114,29%).

De acordo com o chefe de Informação de Mercado Agrícola do Ceasa, Marcos Barros, o aumento dos preços dos alimentos, principalmente das frutas e hortaliça, é reflexo de fatores como a entressafra da grande maioria dos hortifrutis, que ocorre no primeiro semestre do ano. “Além disso, os problemas climáticos severos, como as altas temperaturas no Nordeste, também provocam perdas na qualidade e na produção dos alimentos”, destaca o técnico.  

Segundo o vendedor de verduras e legumes da feira do Cais de Santa Rita, Isaac Bezerra, o preço do coentro foi um dos que mais subiu nos últimos dias. “Antes se comprava o molho de coentro por R$ 40, hoje (ontem) mesmo essa quantidade deu R$ 200”, disse. O feirante ainda comentou que a safra da época influencia bastante nos preços dos produtos, que podem variar muito dependendo da época dessa produção.

Rosali de Lima, profissional autônoma da área de alimentação, comentou que o encarecimento desses produtos começou a afetar também o preço das refeições que serve em seu estabelecimento comercial. “Eu tive que aumentar os valores também, o que tinha de R$ 12 eu já aumentei para R$ 15. Alguns clientes estão questionando, mas tem que ser assim. Está tudo muito caro”, relata.

O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, explica que as mudanças climáticas e o efeito sazonal com temperaturas mais quentes entre janeiro e fevereiro são os principais responsáveis pelo aumento dos valores. “Outro ponto que podemos perceber é o efeito do El Niño que vai deixar o clima mais seco aqui na Região Nordeste, atrapalhando muitas safras desses tipos de produtos. E, por último, temos o custo do transporte com os produtos que chegam de outras regiões do país, onde o valor do frente também é repassado para o consumidor final”, destaca.