ECONOMIA E NEGóCIOS EM FOCO » Por que o Dólar está mais alto?

Écio Costa
@eciocosta

Publicação: 15/04/2024 03:00

O Dólar acelerou sua alta e chegou em R$ 5,14 na semana passada. Apesar do Boletim Focus ter uma previsão que o dólar encerre o ano abaixo dos R$ 5,00, essa semana foi de forte alta da moeda. O que está acontecendo? O Dólar vai continuar subindo? O que está por trás disso?

Primeiro, é preciso observar o que está acontecendo na economia americana. A economia americana vem muito aquecida, com uma inflação que está cedendo, mas ainda está cedendo num ritmo muito lento com um mercado de trabalho que continua bastante aquecido. Isso tem mexido com as decisões de juros por lá, retardando um processo de queda que se esperava que fosse ter início agora no primeiro semestre, mas que agora ficou para o segundo semestre. As taxas de juros estão no patamar mais alto dos últimos 20 anos, o que termina trazendo implicações na economia de lá, mas também em todo o mundo.

O Brasil não fica de fora disso. Os juros altos lá na economia americana tornam os títulos de dívida do governo americano bastante atrativos. Eles têm uma ótima classificação de risco e remunerando 5% ou mais com uma inflação de 3,5%, se tornam algo bastante interessante para investidores internacionais. Isso termina levando os investidores para esses títulos americanos, valorizando o Dólar em relação às demais moedas. Esse é um componente bastante importante. Mas além disso, o Brasil, tem seus próprios fatores que impactam para que o câmbio tenha essa elevação de agora. As taxas de juros aqui estão no movimento contrário, de redução, apesar de estarem num patamar bastante alto, mas com uma inflação mais ou menos controlada. O movimento leva à diminuição da remuneração dos títulos de dívida brasileiros, tornando-os menos atrativos.

Além disso, há uma preocupação fiscal muito grande aqui da economia, após déficits fortes nesses primeiros meses do ano e do déficit forte que aconteceu em 2023, levando a uma perspectiva de não cumprimento do déficit zero, a meta fiscal adotada para esse ano. Então, o cenário traz bastante risco para a economia brasileira e afugenta investidores para outros mercados. Esses dois fatores terminam impactando muito para que o dólar siga pressionado.

Além disso, o desempenho do setor exportador esse ano está abaixo do nível recorde obtido em 2023. Os dados apresentados do saldo da balança comercial até o momento mostram uma desaceleração e, além disso, há uma previsão do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio de que o superávit esse ano não vai ser tão forte quanto foi do ano passado. Então, vai ter dólar entrando na economia, mas num montante menor, o que pode fazer também com que o dólar seja pressionado.

Os 3 principais fatores contribuem imensamente para que o câmbio esteja pressionado, trazendo vantagens adicionais para o setor exportador, mas preocupações domésticas, pois os preços dos produtos importados e daqueles que usam insumos importados pode aumentar, acelerando a inflação e interrompendo a trajetória de queda de juros da economia.