REAL - 30 ANOS » Real, o plano que mudou o Brasil Consolidação de um novo sistema monetário no país trouxe condições para a economia sair da hiperinflação e crescer economicamente

Thatiany Lucena

Publicação: 01/07/2024 03:00

O Real completa 30 anos de existência hoje. O sistema monetário nacional foi lançado pela equipe econômica do governo Itamar Franco em 1994. Na época, os brasileiros não podiam se planejar financeiramente devido à hiperinflação, que refletia na mudança diária dos preços dos produtos. A transição da moeda trouxe impactos econômicos e marcou a memória do país.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB de Pernambuco subiu de R$ 8 bilhões em 1994 para R$ 16 bilhões em 1995, período que marcou a transição entre o Cruzeiro Novo e o Real. Antes do Plano Real, o IPCA, índice que mede a inflação, chegou a 48% no Recife.

Após diversas tentativas de acabar com a alta inflação nos governos anteriores, Itamar Franco convidou Fernando Henrique Cardoso (FHC) para assumir o cargo de Ministro da Fazenda, na tentativa de reorganizar a economia do Brasil por meio da instalação do Plano Real. No início de 1994, a inflação chegou a 40% ao mês, ou três mil por cento ao ano.

A consolidação do Plano Real trouxe condições para a economia voltar a crescer e isso foi um dos fatores que impulsionou o governo de FHC, que comandou por dois mandatos consecutivos o país com a inflação sob controle. Ele esteve à frente do Brasil entre 1995 e 2002.

A partir da estabilização da moeda, o consumidor passou a ter uma noção muito maior em relação aos preços dos produtos. “A economia teve um impulso muito grande. Essa estabilidade proporcionou também a chegada de novos fabricantes de automóveis ao país na segunda metade dos anos 90, aumentando muito a competitividade interna”, destacou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
 
Jorge Jatobá, economista
“O segundo governo de Fernando Henrique coincidiu com o governo Jarbas Vasconcelos. Foi aí que criaram-se as condições para surgir a refinaria do petróleo, a petroquímica Suape, começaram a fazer as primeiras negociações para receber a indústria automotiva, houve a modernização das indústrias de alimentos e bebidas. Isso se deve à estabilidade fiscal, que cria as pré-condições para que a economia cresça sem atropelos como recessão, desemprego, inflação e juros altos”.

 
Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE
"Já o setor de exportação açucareira de Pernambuco foi impactado diretamente pela transição monetária. A paridade do Real com o dólar, no início da sua implantação, refletiu na queda das exportações do produto. “Apesar de o Plano Real ter domado a hiperinflação, mas na questão da reforma interna houve uma paridade com o dólar, que passou a ser muito usado para a importação. Com essa paridade um a um, a exportação passou a ser menor do que as importações, foi quando o Brasil reduziu muitas barreiras, importando automóveis e uma série de bens. Com isso, impactou as exportações nacionais e o açúcar sofreu com a queda”, relata Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE e Presidente Executivo da NovaBio.
 
Bruno Veloso, presidente da Fiepe
“Depois que nós tivemos um equilíbrio monetário, a previsibilidade de quanto poderia ser gasto estimulou as empresas de uma maneira geral, inclusive no Norte e Nordeste, que passaram a produzir mais e diversificar também a sua produção, fazendo investimento em macro equipamentos. O país passou a viver um momento bem diferente”.
 
Antônio Cláudio Couto, presidente do Sinduscon-PE
“Foi um plano implantado sem uma imposição, no qual a economia em todos os setores conseguiu se adequar bem, e a construção civil entre eles. Tanto que fomos bastante beneficiados com a conquista dessa estabilidade, por ter nos permitido, e a sociedade também, a um melhor planejamento, tanto na parte imobiliária quanto nas obras de infraestrutura”.