Endividamento no Recife sobe para 81,5% em agosto Após três meses de queda, a inadimplência das famílias recifenses volta a subir na capital pernambucana com um aumento de 2,3 pontos percentuais

Thatiany Lucena

Publicação: 17/09/2024 03:00

Um total de 81,5% das famílias que moram no Recife estão endividadas. Esse dado foi revelado ontem pelo recorte local da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE). O levantamento registrou o crescimento de 2,3 pontos percentuais no número de endividados em agosto, em relação ao mês anterior. Nacionalmente, os dados são divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Na pesquisa, o cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, sendo mencionado por 95,3% das famílias endividadas. O financiamento de carros se destaca entre as famílias de maior renda (acima de 10 salários mínimos), com 29% reportando esse tipo de dívida, enquanto para as famílias com renda até 10 salários mínimos, o percentual é de apenas 3,7%.

O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, explica que esse nível de endividamento é recorrente, principalmente pela facilidade do uso do cartão de crédito. “Muitas famílias recorrem a isso para fazer compras recorrentes, não é recomendável, mas é cultural. A utilização do cartão, mesmo sendo uma linha de crédito, as pessoas utilizam como se fosse uma renda adicional, mas não é. Tem juros, multa e atrapalha muito o orçamento das famílias.”

INADIMPLÊNCIA
Como consequência do avanço do endividamento, a inadimplência voltou a crescer no mês de agosto, com 28,6% das famílias endividadas relatando contas em atraso, maior que os 27,4% registrados em julho. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas subiu para 16,1%, um aumento de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior.

Rafael Lima destaca que o mercado de trabalho atual, a informalidade e a alta taxa de desemprego são fatores que motivam esse aumento da inadimplência das famílias. “A taxa de desemprego subiu. Pernambuco hoje é o estado com a maior taxa de desempregados do Brasil. Quando a gente inclui isso à taxa de subutilização dessas famílias e à mão de obra, que não está no trabalho formal, aí que atrapalha mais, porque eles não têm uma renda fixa e muitas vezes a renda é muito variável. Isso atrapalha justamente o pagamento desses compromissos financeiros”, destaca.

Uma das soluções sugeridas por Rafael Lima seria a educação financeira e linhas de crédito com juros mais baixos, além do aquecimento do mercado de trabalho ou modalidades de pagamento mais fáceis.

“Podemos elencar uma iniciativa assertiva do Governo Federal que foi o programa Desenrola Brasil. A continuidade de programas assim é muito importante para restabelecer o orçamento e o consumo dessas famílias, que em algum momento entraram em uma bola de neve, que atrapalhou a vida financeira”, afirma o economista da Fecomércio-PE.