Embalagem pode até ser menor, mas "às claras" Alterações são comuns para baratear os custos da produção dos produtos, porém devem ser avisadas aos consumidores no rótulo das embalagens

Thatiany Lucena

Publicação: 28/10/2024 03:00

Nos últimos anos, os consumidores estão notando com maior frequência a redução das embalagens dos produtos nas gôndolas dos supermercados. Conhecida como “reduflação”, a prática é uma estratégia que tem como intuito repassar o aumento dos custos dos produtos com a inflação para o consumidor.

Ao mesmo tempo, algumas empresas também adotaram práticas como a alteração da fórmula ou a criação de novas mercadorias com qualidade menor, visando também ampliar a variedade de itens produzidos a custos mais baixos. Legalmente, as duas práticas são comuns, desde que sejam corretamente avisadas ao consumidor.

O economista e professor do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Paulo Alencar, explica que a estratégia de alteração desses produtos é uma forma das empresas se adequarem ao poder de aquisição das famílias. “O Governo está propondo uma meta de inflação de 3,5 até 4,5. Como estamos com uma inflação de alimentos maior do que a inflação geral (IPCA), as famílias estão tendo um pouco mais de dificuldade de fazer aquisições de produtos”, afirma.

De acordo com Paulo, para se adequarem a esse mercado que tem mais dificuldade de consumir, os fabricantes acabam mantendo o preço e reduzindo a quantidade das mercadorias. “Por exemplo, hoje algumas bandejas de ovos que antes eram de 12 ovos agora estão com 10 ovos pelos mesmos R”, explica o economista, ressaltando ainda que os consumidores têm pouca sensibilidade em relação a isso e muitas vezes acabam não percebendo as mudanças.

Para o economista, dependendo da retomada do poder de compra da população, o tamanho dos produtos deve voltar a ter o tamanho “normal”. “Os fabricantes estão se moldando ao momento econômico, quando a inflação fica mais equilibrada e o poder aquisitivo do do consumidor volta a um padrão de consumo mais estável, ele aumenta a quantidade de novo. É muito mais interessante a empresa vender a quantidade padrão que as pessoas já estavam acostumadas a comprar”, analisa.

O secretário-executivo de Defesa do Consumidor do Procon Recife, André Azevedo, destaca que essas alterações devem ser devidamente informadas aos consumidores. “Na embalagem deve ser informado quanto era e quanto o produto passou a ter com essa redução. Isso de forma muito clara para que o consumidor não compre o tamanho menor achando que está pagando o mesmo preço que pagava por um produto maior.”