Mercado na expectativa para mudanças da Caixa A partir de 1º de novembro, banco estatal vai alterar regras para financiamento de imóveis. Medidas devem afetar construtoras e interessados na casa própria

Thatiany Lucena

Publicação: 18/10/2024 03:00

As mudanças nas regras para financiamento de imóveis pela Caixa Econômica Federal devem impactar no planejamento de projetos das construtoras e também na busca dos consumidores que desejam financiar um imóvel. O banco anunciou, na última terça-feira (15), que vai reduzir o valor do financiamento de imóveis de até R$ 1,5 milhão a partir de 1º de novembro. A partir desta data, o montante total financiado passará de 80% do valor do imóvel para 70% no Sistema de Amortização Constante (SAC) e até 50% no sistema Price.

Diante disso, o interessado em financiar o imóvel terá que dar uma entrada de, pelo menos, 30% do montante do imóvel. Segundo o banco, a alteração nas cotas não se aplica ao financiamento de unidades habitacionais já financiadas pelo banco, apenas ao futuros contratos.

De acordo com o economista David Batista, essa mudança proposta pela Caixa Econômica Federal acaba refletindo em duas vertentes: afeta tanto as construtoras quanto o público que compra imóveis novos no mercado.  

“Potenciais compradores vão ter dificuldade de comprar, então não vão conseguir acessar o financiamento pela questão do próprio custo do imóvel. Esse fator reflete também no planejamento futuro dos jovens, da geração entre 25 e 45 anos, que são os que mais financiam imóveis”, aponta David.

Para o economista, esse problema desencadeia em questões que afetam o planejamento dessa parcela da população. “Temos alguns impactos que são sociais, como a questão da procrastinação da formação de família e a insegurança habitacional, que leva os jovens a adiar decisões importantes, como casamento, criação de filhos, resultando em um padrão de vida familiar menos tradicional e potencialmente com menos filhos”, destaca David Batista.   

Construtoras
No primeiro momento, deverá ocorrer uma redução de projetos imobiliários, em função da diminuição dos recursos disponíveis para a construção, projeta David Batista.

“As construtoras tendem a reduzir o número de projetos. A escassez de financiamento acaba elevando o valor dos imóveis para a captação de recursos, o que acaba resultando em taxas de juros mais elevadas e em condições de crédito mais rigorosas, isso buscando a própria construtora fazer seu próprio financiamento”, afirma.

David Batista ressalta ainda que esse fator causa ainda dependência de parcerias das construtoras para fazer esse financiamento. “Elas fazem 20% do valor da obra e tentam financiar o restante. Da forma como está sendo proposto pela caixa, as construtoras terão dificuldades para poder realizar esse financiamento pelo próprio custo de construção. Como não vai ser financiado, a empresa terá que repassar esse custo ou vai ter que vender principalmente os imóveis menores para procurar investidores que consigam colocar e comprar alguns imóveis na planta diretamente”, disse.