DIARIO ECONôMICO » Economia de Francisco

por Pedro Ivo Bernardes

Publicação: 22/04/2025 03:00

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, não foi apenas um líder religioso, eleito num longo conclave como o primeiro papa latino-americano. Jesuíta e com sua vida religiosa construída num país em desenvolvimento da América do Sul, Francisco sempre foi um religioso sensível às questões sociais e à construção de um mundo mais justo, solidário e que priorizasse o diálogo entre as religiões, os povos e as nações.

Mas não era só isso, o papa também pregava em defesa do meio ambiente, da sustentabilidade e de uma nova visão de economia, centrada na justiça social exploração racional dos recursos naturais e na fraternidade. Esses eram os princípios da “Economia de Francisco”, uma iniciativa convocada por ele e inspirada em São Francisco de Assis.

A Economia de Francisco reuniu, em redes de colaboração, jovens economistas, jovens empresários, acadêmicos, ativistas e organizações da sociedade civil. A iniciativa se organiza por meio de encontros globais e regionais para troca de ideias e experiências. Em essência, a iniciativa foi e ainda é um chamado para que a humanidade repense o modelo econômico atual, focado unicamente na acumulação de riquezas por pessoas, corporações e nações.
 
Ideais econômicos do Papa
Os ideais do Papa Francisco, reproduzidos no movimento Economia de Francisco, tem foco na tornar a economia global mais inclusiva e sustentável; promover uma economia que sirva as pessoas, e não o contrário; promoção da justiça tributária e combate à desigualdade. Enfim, a Economia de Francisco propõe mudar o foco para a pessoa humana, integrar economia, sociedade meio ambiente (o princípio da sustentabilidade) e garantir oportunidades para todos como forma de combater a desigualdade e a exclusão social.

Francisco, um papa comunista?
Sim, o Papa Francisco foi um grande defensor da tributação das grandes fortunas, o que terminou por afastá-lo dos conservadores e da extrema direita, que frequentemente o acusavam de “comunista”. Apesar de o pontífice se dizer apenas seguidor da doutrina social da Igreja Católica, a defesa da justiça social, as críticas aos “excessos do capitalismo”, a defesa do meio ambiente e o diálogo com a esquerda não foram bem digeridos pelos conservadores.

A Encíclica Laudato si e o papado
Em 2015, dois anos após a sua posse, o Papa Francisco publicou a encíclica “Laudato si”, na qual já definia as diretrizes de seu papado. A ideia central da Encíclica “Laudato si” faz a defesa da ecologia integral, que reconhece a crise ambiental e a crise social como realidades interconectadas. Evocando a fé católica, a encíclica trata das mudanças climáticas, perda da biodiversidade, desigualdade social e da cultura do descarte - que estimula a substituição de bens semiduráveis por novos apenas para acompanhar a “tendência do momento”.