Haddad: recuo do IOF deve ampliar bloqueios Com mudança, foi mantida zerada a alíquota sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior e inalterada a taxa de 1,1% para remessas ao exterior

Publicação: 24/05/2025 03:00

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o recuo em parte do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado na manhã de ontem, pode resultar em ampliação do contingenciamento de gastos do Orçamento, divulgado na véspera pelo governo. A decisão de voltar atrás com a mudança do IOF foi publicada ontem, no Diário Oficial da União (DOU).

O decreto manteve zerada a alíquota do imposto sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior. A intenção era subir essa cobrança para 3,5%, conforme o texto original. A medida também mantém em 1,1% a alíquota sobre remessas para o exterior destinadas a investimentos.

Com o aumento, que foi cancelado, o Ministério da Fazenda estimava arrecadação de R$ 20 bilhões neste ano e de R$ 40 bilhões em 2026, mas não se sabe agora quanto será. A medida de elevação do IOF foi parte do ajuste nas contas anunciado na tarde de quinta-feira pela equipe econômica, que prevê ainda congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas programadas para 2025. Questionado se a nova alteração do IOF poderia afetar a arrecadação, disse Haddad: “Nesse patamar, pode sim. Podemos ter que ampliar o contingenciamento ou uma coisa desse tipo, fazer um ajuste nessa faixa”.

Em entrevista coletiva ontem, em São Paulo, Haddad afirmou que as revisões realizadas pelo governo federal das alíquotas do IOF têm impacto fiscal negativo de aproximadamente R$ 2 bilhões neste ano e R$ 4 bilhões em 2026. É esse o valor que poderá ser compensado por meio de novas medidas de elevação de receitas ou de novo contingenciamento de recursos. O governo federal tem até o fim do mês para anunciar o que fará.

Haddad observou ainda que o governo “não tem nenhum problema em corrigir a rota, desde que o rumo traçado seja mantido, de reforçar o arcabouço fiscal”.

FIESP

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou as mudanças do IOF. A medida, reclamou a Fiesp, eleva custos, inibe os investimentos e prejudica o crescimento. A consequência, emenda a entidade em nota, será o aumento dos custos das empresas, incluindo o setor industrial, já penalizado, conforme a Fiesp, pela desigualdade tributária e pela dificuldade de acesso ao crédito, em especial num ambiente de juros mais altos. (Metrópoles e Estadão Conteúdo)