Mais de 78% das famílias estão endividadas no país Dados são de junho deste ano, o quinto mês consecutivo de 2025 com alta do endividamento. Proporção de inadimplentes, porém, ficou estável em 29,5%

Publicação: 04/07/2025 03:00

Pessoas da classe média baixa ficaram mais endividadas e mais inadimplentes (TAYLINNE BARRET/ARQUIVO DP)
Pessoas da classe média baixa ficaram mais endividadas e mais inadimplentes

Os brasileiros ficaram mais endividados em junho, mas a inadimplência se manteve estável, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas a vencer cresceu de 78,2% em maio para 78,4% em junho, o quinto mês consecutivo de altas, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Em relação a junho de 2024, porém, quando 78,8% das famílias estavam endividadas, houve uma queda de 0,4%. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

A proporção de consumidores com contas em atraso ficou em 29,5% em junho, ante também 29,5% em maio. Um ano antes, em junho de 2024, a proporção de famílias inadimplentes era de 28,8%. “Os consumidores estão preocupados com os custos de prolongar dívidas. Esse comportamento revela uma postura mais consciente diante do crédito mais caro”, avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, em nota.

O cartão de crédito mantém a liderança como a modalidade mais utilizada, mencionada por 83,3% dos endividados, mas perdeu espaço em relação à fatia de 86,4% registrada em junho do ano passado. Já os carnês cresceram em um ano, com uma fatia de 17% de menções em junho de 2025, ante 16% em junho de 2024.

O endividamento das famílias brasileiras deve continuar crescendo ao longo do ano, segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes. “A tendência é que até o fim do ano esse número suba ainda mais. No entanto, a expectativa de aumento da inadimplência pode conter esse crescimento. A CNC projeta famílias mais endividadas em até 2,5% e mais inadimplentes em 0,7%. O cenário exige atenção, especialmente com o impacto de novos programas de crédito do governo”, alertou Bentes, em nota.

CLASSE MÉDIA

Na passagem de maio para junho, as famílias de classe média baixa ficaram mais endividadas e mais inadimplentes. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 81% em maio para 81,1% em junho. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados aumentou de 80,3% para 80,9%. 

Quanto à inadimplência, no grupo com renda de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso permaneceu em 36,9% em junho, ante 36,9% em maio. Na classe média baixa, a proporção de inadimplentes aumentou de 28,9% em maio para 29 4% em junho.  (Estadão Conteúdo)