Quando o conflito virou grande guerra O que para os alemães seria um passeio de poucas semanas, tornava-se, a partir de 1º de agosto de 1914, na Primeira Guerra Mundial

Publicação: 03/08/2014 03:00

Tropas alemãs da primeira linha de combate nas margens do Rio Aisne, na França (GWPDA.ORG/REPRODUCAO DA INTERNET)
Tropas alemãs da primeira linha de combate nas margens do Rio Aisne, na França
Berlim (AFP) - No dia 1º de agosto de 1914, o imperador Guilherme II ordena que seja servido vinho espumante a seus assessores civil e militar. Ele acaba de declarar guerra à Rússia, está a ponto de atacar a França e seu embaixador em Londres garantiu que a Grã-Bretanha se manterá neutra. O exército alemão acredita que o conflito será um passeio de poucas semanas. Mas trata-se apenas dos primeiros movimentos da Primeira Guerra Mundial, que vai durar quatro anos, custará dois milhões de vidas e vai provocar a queda do Império Alemão. Horas antes, o kaiser tinha ordenado a mobilização geral, em resposta à decretada em 30 de julho pelo czar Nicolau II para intimidar o Império Áustro-Húngaro, que acabava de atacar a pequena Sérvia.

Há dois dias, a guerra se anunciava iminente na Alemanha, obcecada por um possível cerco por parte de Rússia, França e Grã-Bretanha, aliadas na Tríplice Entente. Temendo uma escassez, os cidadãos estocam reservas de alimentos, e os preços disparam. “O imperador assina a declaração de guerra diante de satisfeitos estrategistas militares, alguns deles chorando de emoção ao verem a chegada do conflito para o qual tanto se prepararam”, explica o historiador germano-britânico C.G. Roehl.

União
Guilherme II se volta então para a multidão entusiasmada, reunida sob o balcão do castelo dos Reis da Prússia em Berlim, joia da arquitetura barroca. “Se nosso vizinho não aceitar a paz, espero que o povo alemão e o império unido saiam vitoriosos deste conflito, com a ajuda de Deus”. “Não conheço partidos, só conheço alemães”, acrescenta o kaiser, prussiano e protestante, pedindo a união entre social-democratas e católicos, hesitantes diante da guerra.

O objetivo era esmagar o exército francês em poucas semanas, atacando pelo norte após a invasão da Bélgica, para depois enviar as tropas contra o Exército russo.
Berlim acredita que, com isso, evitará uma guerra de duas frentes, convencido a prometida neutralidade da Grã-Bretanha.