China não quer o dedo do Tio Sam Em meio aos protestos que ganham força nas ruas de Hong Kong, governo chinês diz que soberania de seu país deve ser respeitada pelos EUA

Publicação: 02/10/2014 03:00

Guarda-chuvas acabaram virando símbolo nos protestos (JONATHAN NACKSTRAND/afp)
Guarda-chuvas acabaram virando símbolo nos protestos
Washington (AFP) - Os protestos em Hong Kong não têm nada a ver com os Estados Unidos, afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em resposta ao pedido norte-americano para que Pequim tenha moderação com os manifestantes.
“Este governo chinês declarou muito firme e claramente sua posição. Os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China”, ressaltou Wang Yi durante um encontro com o secretário dos Estados Unidos, John Kerry, em Washington. “Todos os países deveriam respeitar a soberania da China e isso é um princípio básico nas relações internacionais dos governos”, afirmou Wang. “Creio que qualquer país, qualquer sociedade, não permitiria estes atos ilegais que violam a ordem pública”, completou.

Em sua resposta, no entanto, Kerry reiterou seu apelo para que as autoridades de Hong Kong atuem com moderação diante dos protestos nesta ex-colônia britânica, onde dezenas de milhares de manifestantes exigem o sufrágio universal sem limites. Kerry também pediu “respeito ao direito dos manifestantes de expressar sua opinião de forma pacífica”, e insistiu no apoio dos EUA ao sufrágio universal em Hong Kong.

A campanha de desobediência civil em Hong Kong, território que possui mais liberdades políticas do que no restante do país, ganhou força no último final de semana, tornando-se o maior movimento de protesto desde que o território foi devolvido à China em 1997.
Milhares de manifestantes pró-democracia voltaram às ruas de Hong Kong ontem, dia nacional na China, determinados a dar uma nova demonstração de força, enquanto cresce o apoio internacional a seu movimento.

Os manifestantes denunciam a repressão de Pequim, exigem o sufrágio universal sem condições e não aceitam que nas eleições de 2017 as autoridades chinesas mantenham o controle sobre os candidatos ao cargo de chefe de governo local.